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Análise

Primeiro-ministro coleciona más notícias e vê impopularidade crescer

VAGUINALDO MARINHEIRO
DE SÃO PAULO

No início de novembro do ano passado, quando todos já sabiam que Mariano Rajoy seria eleito primeiro-ministro espanhol, alguns analistas duvidavam que ele tivesse a competência necessária para conduzir o país em tempos tão difíceis.

Rajoy vinha de duas derrotas seguidas para os socialistas (em 2004 e 2008) e era mais conhecido pelo que não diz -foge de perguntas diretas em entrevistas e tenta nunca se comprometer- que pela firmeza nas opiniões.

Sua vitória foi atribuída ao desgaste do governo de José Luis Rodríguez Zapatero, do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol), que não conseguiu tirar o país da crise econômica, que se agrava desde 2008.

Foi um voto de protesto, mas que embutia ao menos uma pequena esperança de que as coisas iriam melhorar. Não foi o que aconteceu.

Nos pouco mais de cem dias de governo, Rajoy coleciona desapontamentos e más notícias.

A Espanha entrou na segunda recessão em três anos, agências de classificação de risco reduziram as notas de crédito do país e de seus bancos, e o desemprego não parou de subir. Hoje há mais de 5,6 milhões sem trabalho (24,4% da população economicamente ativa).

Tudo isso contribui para a impopularidade de Rajoy.

Pesquisa feita há três semanas mostra que 64% dos espanhóis têm uma avaliação negativa de seu início de governo. Para 70%, ele não inspira confiança, e 56% dizem que não enfrenta a crise econômica de forma adequada.

O primeiro-ministro anunciou cortes de gastos e aumento de impostos e insiste em atribuir às administrações regionais a culpa pelo crescente deficit público do país.

Isso acabou pondo lenha na fogueira de um velho problema político: o sentimento secessionista de algumas regiões, como a Catalunha, cujos habitantes acreditam que estariam melhores sem estar atrelados a Madri.

Nem o analista mais pessimista previa cenário tão negativo em tão pouco tempo.

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