Índice geral Mundo
Mundo
Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Ativista pede que Hillary o tire da China

Após deixar embaixada americana, dissidente cego Chen Guangcheng quer que secretária de Estado o leve em avião

Declaração constrange diplomacia americana, que já comemorava o acordo firmado com a China sobre Chen

Mark Ralston/France Presse
Hu Jintao, presidente chinês (à esquerda), e Hillary Clinton, secretária de Estado dos EUA, durante encontro em Pequim
Hu Jintao, presidente chinês (à esquerda), e Hillary Clinton, secretária de Estado dos EUA, durante encontro em Pequim

FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM

O governo norte-americano retomou as conversas ontem com a China sobre o futuro do dissidente cego Chen Guangcheng, que, horas após deixar a embaixada dos EUA anteontem, mudou de ideia e agora quer abandonar o país junto com a secretária de Estado, Hillary Clinton. Ela fica até hoje em Pequim.

"Minha esperança é de que seja possível ir para os EUA no avião de Hillary Clinton", disse ontem Chen ao site "Daily Beast" e, com algumas variações, a outros meios internacionais. "Minha vontade é sair, curar o meu corpo."

Chen está internado desde anteontem no hospital Chaoyang, em Pequim, para cuidar de um pé fraturado durante sua fuga de sua prisão domiciliar, há 12 dias.

Antes do hospital, ele havia passado seis dias na embaixada norte-americana. Saiu após um aparente acordo entre China e EUA no qual ele e a família viveriam em Tianjin, cidade costeira fora da província de Shandong. Ali, Chen, que é advogado autodidata, estudaria direito.

Preocupado com a segurança da família, o ativista afirmou que desistiu de continuar na China depois que conversou com a mulher, Yuan Weijing, no hospital.

Ela afirmou que, por dois dias, ficou amarrada a uma cadeira durante o interrogatório sobre a fuga do dissidente -e que a casa foi equipada com câmeras de segurança e com cerca elétrica.

SURPRESA

A reviravolta pegou de surpresa a diplomacia americana, que chegou a comemorar o acordo com a China anteontem, no curto período entre a saída de Chen da embaixada e suas primeiras declarações.

A maior expectativa agora é sobre a reação do governo chinês. Ontem, a única declaração, inconclusiva, veio do porta-voz da Chancelaria Liu Weimin. Ele se limitou a dizer que, ao que consta, Chen era uma "pessoa livre" moradora de Shandong.

Em contraste com as declarações feitas pela Chancelaria, Chen e a família estão sendo vigiados por dezenas de policiais, entre uniformizados e à paisana.

O dissidente chinês está impedido de receber visitas -diplomatas norte-americanos apenas puderam se encontrar com sua mulher.

Pelo menos dois jornalistas estrangeiros de plantão do lado de fora tiveram confiscadas suas carteiras de identificação profissional.

Em entrevista ao jornal britânico "The Guardian", Chen reclamou de suas condições.

"Não posso sair. Nenhum amigo me visita. Por um tempo, meu celular não funcionou, então me preocupo muito com meus familiares." Disse estar com a perna engessada e ter sangue nas fezes.

Chen ganhou notoriedade ao defender mulheres vítimas de aborto forçado por causa da "política do filho único".

Ontem, o ativista chinês pediu ajuda a Washington para viajar aos EUA, durante conferência telefônica com o Congresso americano.

A audiência, feita em caráter de urgência, teve tradução do ativista Bob Fu.

Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.