Índice geral Mundo
Mundo
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Bancos apostam em eleição sem Chávez

Barclays Capital e Goldman Sachs dizem a seus clientes que venezuelano não será o próximo presidente do país

"Otimismo mórbido" sobre saúde do líder turbina a negociação de títulos da Venezuela e da estatal PDVSA

FLÁVIA MARREIRO
DE SÃO PAULO

A quase total ausência de Hugo Chávez em aparições ao vivo, enquanto combate um câncer em Cuba, turbina a negociação de títulos da dívida da Venezuela e de uma das maiores petroleiras do mundo, a estatal PDVSA.

Boa parte do mercado aposta que ele nem mesmo será o candidato governista nas eleições de 7 outubro.

"É altamente improvável que ele seja capaz de concorrer à reeleição", escreveu o banco britânico Barclays Capital a seus clientes.

Simon Strong, diretor sênior da unidade de risco da FTI Consulting, diz que a chance maior hoje é de uma disputa sem Chávez. Afirma que, em vida, não deve haver um substituto. "A aspiração dele é ser presidente até o último minuto", disse à Folha.

A espécie de "otimismo mórbido" instalada fez com que, na semana passada, os bônus da PDVSA em dólar só perdessem para os da Goldman Sachs no posto de papéis corporativos mais negociados, segundo a Bloomberg.

"Estamos convencidos de que Chávez não será o próximo presidente da Venezuela", disse Sam Finkelstein, da Goldman Sachs Asset Management, citado pelo "Wall Street Jornal".

A procura pelos bônus venezuelanos, que os investidores esperam que passem a valer bem mais se houver mudança política no país, baixou, ironicamente, o custo da equipe de Chávez para lançar títulos no mercado.

Na sexta, a Bloomberg publicou que a PDVSA vai emitir em 14 de maio US$ 3 bilhões em bônus com vencimento em 2032. Seria a primeira emissão do ano, com taxa de 9% -ainda alta para um país com as maiores reservas de petróleo e com baixo risco de calote, mas o melhor índice para os títulos em 18 meses. O risco-país da Venezuela é menor que o da Argentina, diferentemente da situação de janeiro passado.

EMOÇÃO E INCERTEZA

Em meio aos rumores, Chávez determinou a instalação do Conselho de Estado, instância consultiva prevista na Constituição, mas jamais ativada até agora.

Daniel Kerner, do Eurasia Group, descarta que o órgão seja embrião de transição. "Mas o timing é chamativo."

A mais recente aparição de Chávez foi na TV, há dez dias. "Não são dias fáceis. Mas somos guerreiros", emocionou-se, antes de partir para Cuba.

Em telefonema à TV estatal, anteontem, ele prometeu retornar a Caracas em breve.

Ontem, alegando o clima de "incerteza" no país, o partido opositor Vontade Popular fez um pedido formal para que o Supremo Tribunal de Justiça convoque junta médica para avaliar a saúde de Chávez -opção legal, mas improvável, pelo alinhamento da Justiça com o governo.

Segundo todas as pesquisas, Chávez é favorito na disputa presidencial de outubro.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.