Índice geral Mundo
Mundo
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Netanyahu ganha força inédita com pacto

Premiê de Israel fecha acordo com Kadima, de oposição, obtém supermaioria no Parlamento e engaveta eleição

Analistas acreditam que, com base maior no Legislativo, premiê pode ordenar ataque ao Irã nos próximos meses

MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

O governo com suporte parlamentar sem precedentes formado em Israel despertou uma onda de especulações sobre a possibilidade de o premiê Binyamin Netanyahu usar a margem de manobra para atacar o programa nuclear do Irã.

Até políticos e analistas mais experientes foram pegos de surpresa pelo acordo entre Netanyahu e o líder da oposição, Shaul Mofaz, que dá ao governo uma base com 94 dos 120 deputados da Knesset (Parlamento).

A surpresa foi maior porque o acordo fechado de madrugada ocorreu só 30 horas após Netanyahu ter indicado que convocaria eleições antecipadas para setembro.

Com o acordo, a precoce campanha eleitoral foi engavetada e o Kadima (que significa avante, em hebraico) deixa de ser o maior partido da oposição para integrar um governo que se especializou em martelar diuturnamente a possibilidade de uma ofensiva contra o Irã.

A insistência em apontar o programa nuclear do Irã como a maior ameaça a Israel foi alvo de pesadas críticas de antigos membros do alto escalão militar, entre eles o próprio Shaul Mofaz, ex-chefe do Estado Maior.

Nascido no Irã, de onde saiu com a família aos nove anos, Mofaz chamou Netanyahu várias vezes de mentiroso nos últimos meses e reiterou que uma ofensiva contra Teerã deve partir dos EUA, não de Israel.

Numa disputada entrevista coletiva concedida ontem na Knesset, os dois desconversaram quando foram questionados sobre as suas divergências.

Analistas israelenses afirmam que a ampliação da base de apoio cria um espaço de manobra para que Netanyahu dê a ordem de ataque já nos próximos meses.

"Abre-se uma janela para um ataque antes da eleição presidencial nos EUA [em novembro]", disse o especialista militar Alon Ben David, do canal 10 da TV israelense.

Segundo ele, Netanyahu teme que a possível reeleição do presidente Barack Obama reforce a oposição da Casa Branca ao plano militar dos israelenses.

Com Mofaz no governo, observou Amir Oren, do jornal "Haaretz", Netanyahu adquire um "escudo" que o protege da oposição doméstica a uma ofensiva.

Em conversa com jornalistas brasileiros no Parlamento, o ex-chefe do Mossad Meir Dagan, um veemente crítico da retórica belicosa de Netanyahu, não pareceu preocupado. "Mofaz é contra o ataque", afirmou.

PALESTINOS

Entre as exigências que fez para aderir ao governo, Mofaz citou a retomada das negociações com os palestinos e a revogação da isenção do serviço militar atualmente concedida à maioria dos judeus ultraortodoxos.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.