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Seita de chineses cristãos tenta apressar a vinda do Messias com massagens

Terapia criada especialmente para judeus é usada para tratar de estresse a tumores e, segundo o grupo, não funciona com árabes

MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A NAHSHOLIM (ISRAEL)

Como apressar a vinda do Messias? Uma seita de chineses cristãos tem a resposta.

Inspirados na mensagem de seu guru, eles aplicam um tratamento criado especialmente para o "povo escolhido", baseado em incensos e massagens, convictos de que esse é o caminho mais curto para trazer o redentor.

A Terra Santa atrai peregrinos de correntes diversas e do mundo inteiro. Mas o grupo de Taiwan Ahavat Israel ("amor a Israel", em hebraico) surpreende até os israelenses que pensavam conhecer todo tipo de esoterismo.

Desde 2009, membros da seita vêm ao país pagando as despesas do próprio bolso para aplicar o tratamento gratuitamente em israelenses, movidos pelo fervor da mensagem de seu guru, o "mestre" Lin Rang: "Amor incondicional aos judeus".

Neste ano, eles se instalaram por duas semanas num cenário bucólico do norte de Israel, onde receberam cerca de 200 pacientes com problemas de estresse a tumores.

Segundo Ellie Lee, líder do grupo e única médica entre os 26 terapeutas integrantes da excursão, o tratamento teve origem há décadas, "quando mestre Lin entendeu a importância única dos judeus".

Instalados em bangalôs no bucólico kibutz (comunidade rural) de Nahsholim, perto de Haifa, eles se sentem privilegiados por terem sido escolhidos pelo mestre para cumprir a missão entre os cerca de mil membros da seita.

"Nossa missão é fazer o bem aos judeus, lembrá-los de que são o povo escolhido e só eles podem trazer o Messias", diz o administrador de empresas Keith, 43.

Para Ellie, não importa se o Messias ainda está por vir, como afirmam os judeus, ou se retornará, como acreditam os cristãos. "Nosso mestre diz: quando ele chegar nós saberemos", afirma.

Durante o tratamento, que se resume a pressionar pontos do corpo com tubos metálicos aquecidos por incensos, Keith estimula o paciente a repetir o mantra em hebraico: "Mashiah, she iavo!" (que venha o Messias).

Ellie conta que nos últimos quatro anos os terapeutas trataram gente de todas as idades, de bebês de poucos meses a uma anciã de 104 anos.

Queixando-se de dores de cabeça, o aposentado Danny Noiman, 64, foi um dos que passaram pela terapia. "Com tanta hostilidade a Israel pelo mundo, é bom saber que alguém nos considera especiais", sorri Noiman, ainda indeciso sobre a eficácia.

O kibutz em que os chineses se instalaram é cercado de aldeias árabes. Keith faz questão de lembrar que a terapia só faz efeito em judeus.

"Esteve aqui outro dia um senhor que recebeu o tratamento, mas a dor nas costas não passou. Depois descobrimos o motivo: ele era árabe."

Veja vídeos da terapia

folha.com/no1090297

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