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'Merkollande' estreia prometendo medidas

Alemã Merkel e francês Hollande se reúnem em Berlim e combinam debater propostas de crescimento para euro em junho

Governantes dizem que a Grécia deve ficar no euro; expectativa de discussão, que não houve, lota encontro

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A PARIS

O anunciado confronto entre os porta-vozes do crescimento (o presidente francês François Hollande) e da austeridade pura e dura (a chanceler alemã Angela Merkel) foi adiado para o mês que vem, como acertaram os dois governantes em seu encontro de ontem à noite em Berlim.

Os dois lados coincidiram em anunciar que prepararão propostas tanto para o jantar informal de chefes de governo da Europa, no dia 23, como para a cúpula semestral do fim de junho.

"É muito importante que Alemanha e França apresentem propostas [de crescimento]", disse Merkel. Hollande foi enfático: "Uns e outros devem pôr tudo à mesa".

O presidente francês acrescentou que só depois que tudo estiver à mesa serão definidos os "instrumentos jurídicos" que darão forma prática a eventuais acordos.

Ou seja, a cúpula de junho decidirá se o pacto fiscal acertado em março pela Europa fica como está, como quer Merkel, ou se a ele se incorpora o que Hollande chama "dimensão de crescimento".

Merkel chegou a dizer que a palavra crescimento aparece no pacto fiscal, mas Hollande rebateu: "Crescimento não pode ser apenas palavras, mas traduzir-se em atos tangíveis".

Na prática, não há exatamente um confronto austeridade/crescimento, até porque ninguém é contra o crescimento. O que há são diferentes "meios de gerar crescimento", como reconheceu a chanceler alemã.

É sabido que a Alemanha acha que o saneamento orçamentário é a melhor maneira de atingir o crescimento. Além disso, cobra reformas estruturais, na prática a redução da proteção de que hoje gozam os trabalhadores.

Hollande, sem renegar a austeridade, quer medidas de estímulo ao crescimento -por exemplo, pelo reforço de fundos do Banco Europeu de Investimentos, com o que, de resto, Merkel concorda.

Os dois governantes querem que a Grécia permaneça no euro e coincidiram também em mencionar a necessidade de "gerar crescimento", como afirmou Merkel, para que o país comece a sair da crise. Hollande foi mais específico ao dizer que é preciso acenar com medidas pró-crescimento para que a Grécia possa ficar na eurozona.

A expectativa de um confronto, criada por boa parte da mídia, levou a lotar de jornalistas a sala da Chancelaria em que os dois falaram. Mas Merkel, de saída, suavizou o ambiente ao dizer que estava "muito feliz" de ver que Hollande viajara a Berlim no próprio dia da posse.

De certa forma, antes de viajar Hollande emitiu outro presságio pró-Alemanha, ao indicar Jean-Marc Ayrault como primeiro-ministro. Trata-se do líder socialista na Assembleia Nacional, prefeito de Nantes, mas também professor de alemão, considerado um interlocutor permanente de autoridades alemãs.

"Professor de alemão oriental", brincam seus amigos, pelo jeito austero de ser do novo premiê -mesmo jeito de Merkel, ela realmente da antiga Alemanha Oriental.

Leia coluna on-line de Clóvis Rossi
folha.com/no1090507

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