Análise

Euro mostrava força mesmo na crise, mas isso começa a mudar

Enquanto a perspectiva de que a Grécia abandone o euro passa a ser discutida de modo mais amplo, a moeda europeia começa a despencar. No entanto, a depreciação até o momento tem sido modesta, em contraste com a volatilidade em mercados europeus de ações e títulos.

Da eclosão da crise da dívida, na metade de 2010, até agora, o euro registrou alta de 7%. Ontem, ainda que tenha caído abaixo de US$ 1,27 pela primeira vez desde janeiro, o Citigroup disse que seus clientes haviam mais comprado que vendido a moeda.

Mas os analistas agora acham que o euro está perto de um ponto de inflexão.

Uma das principais teorias para explicar sua força continuada é que os investidores em títulos de dívida nacional estavam simplesmente transferindo seus investimentos dos países "periféricos" da Europa para os "centrais", como Alemanha e França, o que não cria pressão de baixa sobre a moeda unificada.

Outra teoria é a de que os bancos centrais continuaram a diversificar suas reservas, substituindo dólares por euros, ao longo deste ano.

Quanto ao primeiro fator de sustentação, análise recente sobre os investidores japoneses, os maiores compradores de ativos em euros, sugere que a tendência já se desacelerou. E os BCs também parecem estar desacelerando suas aquisições da moeda.

Alan Ruskin, estrategista de câmbio do Deutsche Bank, afirma que, "se os investidores de longo prazo, como os BCs, começarem a perder a confiança de que todos os atuais membros continuarão a ser parte da eurozona, teremos virado a página, e a nova história será imensamente negativa para o euro".

A demanda dos investidores ajudou a controlar as perdas da moeda europeia. Mas os analistas acreditam que começou um período de lenta queda -para US$ 1,15 ou US$ 1,10 até o fim do ano. O euro pode enfim ter rachado.