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Acordo em negociação faz concessão aos iranianos

CLAUDIA ANTUNES
DO RIO

Se for concluído, o acordo negociado entre o Irã e o P5+1 (as cinco potências do Conselho de Segurança mais a Alemanha) permitirá que o país persa mantenha o enriquecimento de urânio em nível baixo, suficiente para abastecer usinas de energia, prevê o americano George Perkovich, do Fundo Carnegie para a Paz Internacional.

Isso significaria um recuo na exigência feita pelo Ocidente, e incluída em resoluções do CS, de que o Irã suspenda todo o enriquecimento até que fique provado que seu programa nuclear não tem fins bélicos. Teerã alega que a atividade é um direito garantido pelo TNP (Tratado de Não Proliferação Nuclear).

Perkovich estuda o projeto atômico iraniano há 19 anos e foi assessor no Senado de Joe Biden, atual vice-presidente dos EUA. Ele diz que era um "falcão", contrário a concessões a Teerã, mas mudou de ideia.

"Os iranianos mostraram que estão dispostos a suportar o que for para manter o enriquecimento. Mas podem fazer um acordo que lhes permita salvar a face e manter certo poder de barganha", disse Perkovich à Folha.

Pela negociação em curso, caberia ao Irã parar de enriquecer urânio a 20% (nível mais próximo do requerido para a bomba), concordar com inspeções mais abrangentes da AIEA, a agência atômica da ONU, e dar garantias de que não fabricará peças de armas nucleares.

Perkovich crê que o acordo pode sair porque o Irã possivelmente ainda não decidiu se vale a pena fazer a bomba.

"Ter a arma poderia fazer o país se sentir mais seguro de que não será invadido, mas também deixaria seus vizinhos mais nervosos. Quando o líder supremo iraniano diz que a bomba viola os princípios do islã, é sinal de de que eles sentem que pegar esse caminho pode levá-los a uma direção perigosa."

Há dúvida sobre a reação de Israel a um acordo, já que o país tem ameaçado atacar o Irã não só para impedi-lo de fabricar a bomba, mas também para evitar que detenha os meios de fazê-la.

Perkovich, porém, lembra que ex-comandantes do Mossad (serviço secreto) e das Forças Armadas israelenses se pronunciaram contra um ataque. "A questão é se Teerã adotará medidas suficientes para permitir que o presidente Barack Obama diga aos israelenses que conseguiu parar o relógio."

Perkovich se reuniu na semana passada, no Rio e em Brasília, com funcionários do governo e acadêmicos que lidam com o tema nuclear.

Ele afirma não ter desconfianças sobre o projeto atômico do Brasil. Diz no entanto que, se fosse brasileiro, faria um esforço constante para tranquilizar os vizinhos sul-americanos. "Minha prioridade seria criar confiança, de modo a não estragar uma região segura e pacífica."

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