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China dá sinais de freada mais brusca

Dados de abril indicam desaceleração do PIB mais intensa que o esperado, descaracterizando o "pouso suave"

Setor imobiliário registra contração por conta de medidas tomadas pelo governo contra a especulação

FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM

Apesar de os números do PIB apontarem que a China faz um "pouso suave", diversos dados da economia real sugerem que a desaceleração ocorre de forma mais brusca.

Durante uma visita ao parque industrial da cidade de Wuhan (centro) no fim de semana, o premiê Wen Jiabao ouviu relatos de empresas com dificuldades crescentes. Uma delas, a Haier, que fabrica produtos eletroeletrônicos, informou que as vendas caíram 13% no primeiro trimestre em comparação ao mesmo período de 2011.

"As pressões negativas sobre a economia [chinesa] estão crescendo", afirmou Wen, ao final da visita, no que foi considerada sua declaração mais pessimista neste ano.

Sem muita margem de manobra por causa da transição política de sua cúpula neste ano, o governo chinês deve estimular a economia por meio de instrumentos tradicionais. No último dia 12, reduziu o depósito compulsório bancário pela terceira vez em seis meses.

O PIB chinês cresceu 8,1% no primeiro trimestre em relação ao mesmo período de 2011, dentro do previsto pelo governo. Mas outros indicadores importantes mostram um diferente cenário.

O dado mais alarmante foi o crescimento de 0,7% na produção de energia elétrica de abril, em comparação com abril passado. Em 2011, o crescimento para o mês havia sido de 11,7% em relação a 2010. Trata-se de uma freada brusca para um país que, em 2010, aumentou "um Brasil" em capacidade de produção de energia elétrica.

Também vem chamando a atenção a queda nas vendas de maquinário pesado, em cerca de 50%. A norte-americana Caterpillar revisou sua previsão de crescimento de até 10% na China -agora espera uma redução. "A queda tem sido provocada pelo aperto monetário que o governo chinês implantou em 2011 para combater a inflação", disse a empresa.

Num nível mais amplo, a produção industrial cresceu 9,3% em abril, a menor taxa desde maio de 2009.

Outro importante setor da economia, o imobiliário, está claramente em contração, resultado direto das medidas contra a especulação.

O número de novos projetos caiu 14,6% no mês passado em relação a 2011. O setor imobiliário representa de 10% a 13% do PIB e é apontado como o principal motor da economia nos últimos anos.

"Ninguém apertou o botão de pânico ainda", disse o economista Patrick Chovanec, da Universidade Tsinghua (Pequim), em artigo sobre o mercado imobiliário em seu blog. "Todos estão mantendo a esperança de que em algum ponto isso se reverta. Mas acho que isso é o triunfo da esperança sobre a razão."

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