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Entrevista - Enrique Peña Nieto
Aprendemos com nossos erros e não os repetiremos
FAVORITO À PRESIDÊNCIA DO MÉXICO, CANDIDATO FALA DO RETORNO DO PRI, QUE GOVERNOU O PAÍS DURANTE QUASE TODO O SÉCULO 20
SYLVIA COLOMBO
DE BUENOS AIRES
Com 47% da preferência de voto dos mexicanos, o candidato do PRI (Partido Revolucionário Institucional), Enrique Peña Nieto, é o favorito para vencer as próximas eleições no país, em julho.
Esse advogado de 46 anos, midiático e de ar jovial, tem mantido uma considerável diferença com relação a seus opositores, Josefina Vázquez Mota (PAN), e Manuel López Obrador (PRD), agora empatados com 25%, segundo a pesquisa Mitofsky.
Uma vitória de Peña Nieto significará o retorno ao governo do partido que comandou o México entre 1929 e 2000.
Significará, também, a derrota do projeto do Partido da Ação Nacional, que governou durante 12 anos e que recebe críticas pelo fato de não conseguir domar a narcoviolência. Na atual gestão de Felipe Calderón, já houve mais de 50 mil mortes decorrentes da guerra contra o crime organizado.
Leia, abaixo, trechos da entrevista que Peña Nieto concedeu à Folha, por e-mail.
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Folha - Como o sr. vê a perspectiva do retorno do PRI ao governo? Que características dos antigos governos do partido serão mantidas?
Enrique Peña Nieto - O México transitou em direção a uma democracia eleitoral plena. Ainda assim, não se transformou numa democracia de resultados. As altas expectativas que foram geradas pela alternância de poder e seu posterior fracasso geraram desilusão entre mexicanos.
Nesse período em que ficou fora, o PRI soube renovar-se para converter-se num partido político competitivo, que sabe ganhar eleições, reconhecer derrotas e governar.
Os priístas estamos orgulhosos dos feitos de nosso partido durante o século 20, mas também conscientes de nossos erros. Aprendemos com eles para não os repetirmos. A essência do novo PRI é a nova geração da qual orgulhosamente faço parte.
Sabemos fazer política sob regras equitativas sancionadas por organismos autônomos e independentes e em um contexto de maior transparência, plena liberdade de expressão e sob a vigilância de uma sociedade participativa.
Como o sr. vê o comércio bilateral com o Brasil?
É prioritário e tem grandes possibilidades de crescimento. O Brasil é o principal sócio comercial do México na América Latina e o principal destino dos investimentos mexicanos na região.
Ainda assim, é importante defender um intercâmbio comercial justo e conforme a compromissos internacionais adquiridos, em benefício de ambos os países.
Como o sr. vê a relação comercial do México com o Mercosul? Qual sua opinião sobre as medidas protecionistas adotadas por alguns países?
É uma relação positiva, mas que mostra um crescimento muito menor do que seu verdadeiro potencial.
Penso que unicamente por meio de mercados mais abertos e livres é que poderemos alcançar um maior crescimento econômico.
Por isso considerei equivocadas todas essas medidas recentes contrárias ao processo de abertura comercial.
O presidente Calderón fez críticas muito duras a Cristina Kirchner por conta da estatização da petroleira YPF.
Reconheço a soberania do governo argentino. O México deve recuperar sua tradição diplomática de respeito aos princípios de reciprocidade e de não intervenção nos assuntos de outros Estados.
Agora, como presidente, uma de minhas prioridades será fomentar o crescimento econômico e, para isso, incentivar o investimento por meio da segurança jurídica tanto para investidores nacionais como para os estrangeiros, para que vejam no México um mercado propício.
O sr. disse estar a favor de uma abertura da [petroleira] Pemex ao capital privado. A Petrobras seria o modelo?
Estou convencido de que, para que o México se torne potência energética, é necessário tomarmos medidas audazes e nos despojarmos de ataduras ideológicas.
Defendo a necessidade de impulsionar uma reforma energética. O modelo da Petrobras é um exemplo muito interessante para o México.
Qual será sua atuação diante da guerra ao narcotráfico?
Temos de recuperar a paz e a liberdade do país. A segurança é obrigação do Estado e, nesse sentido, a decisão do atual governo federal de enfrentar com determinação o crime organizado é correta.
Porém a estratégia que se seguiu é notoriamente falida, e a prova disso é o doloroso custo humano, social e econômico dessa guerra. O principal erro foi partir de uma compreensão limitada do problema e propor solução concentrada no uso da força.
Deixou-se de lado outros fatores, como prevenção e condições sociais nas comunidades onde são recrutados os jovens que se incorporam às filas do crime organizado.
Os candidatos opositores o acusam de ter cobertura privilegiada por parte dos grandes meios de comunicação.
Gozamos de uma ampla liberdade de imprensa e, a partir de recém-implementada e muito estrita lei eleitoral, de uma cobertura midiática bastante equitativa.
Leia íntegra
folha.com/no1095293
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