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Análise

Ativistas agora se questionam se a revolução foi só um sonho

JACK SHENKER
DO "GUARDIAN", NO CAIRO

Para os egípcios interessados em eleições -uma categoria nascente em um país no qual os resultados eram conhecidos antes que os eleitores chegassem às urnas-, foi uma terrível ressaca.

Depois de um levante que deslumbrou o planeta, da derrubada de um ditador brutal e de 18 meses de combates de rua, o sol nasceu ontem para revelar o mesmo panorama político existente há décadas, opondo um governo laico e autoritário a uma oposição islâmica.

Não admira que muitos dos ativistas que queriam mudança tenham recorrido à mídia social para questionar se sua revolução não teria passado de um sonho.

Mas, embora seja fácil interpretar os resultados ainda incompletos da eleição presidencial egípcia como um novo sinal de que o país está voltando ao passado, basta um exame mais aprofundado dos números da votação para que surja um quadro muito mais complexo.

Diversas tendências contraditórias estão se tornando aparentes na política egípcia, mas nenhuma delas representa um retorno escancarado ao passado.

"Para mim, o que há de incrível no Egito agora é sua incrível cacofonia, uma sociedade que fala com mil vozes diferentes", disse Nathan Brown, professor de ciências políticas na Universidade George Washington.

A sensação de que o islamismo político talvez seja menos popular do que as manchetes sugerem é confirmada por uma comparação entre as eleições legislativas e a eleição presidencial.

A implicação é a de que muitos egípcios que estavam dispostos a dar aos islâmicos uma chance de exercer o poder não se impressionaram muito com o desempenho apresentado por eles até agora e, na ausência de alternativas viáveis, decidiram simplesmente se abster.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

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