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Europa abre ação contra Argentina na OMC

União Europeia denuncia país por restrições a importações e diz ter tido perdas de € 500 milhões ano passado

Argentinos rechaçam as acusações; em discurso, Cristina Kirchner diz que europeus também são protecionistas

SYLVIA COLOMBO
DE BUENOS AIRES

A União Europeia apresentou ontem à Organização Mundial de Comércio, em Bruxelas, uma denúncia contra as travas às importações impostas pelo governo argentino a seus parceiros comerciais no continente.

"As restrições da Argentina à importação infringem as normas do comércio internacional e devem ser eliminadas", disse o comissário europeu da pasta, Karel De Gucht. Além das licenças exigidas dos importadores, o órgão criticou também a obrigação de que todas as compras do exterior sejam compensadas por exportações.

"Essas medidas estão causando dano real às empresas da União Europeia, a postos de trabalho e à nossa economia como um todo. O clima de comércio e investimento na Argentina está claramente piorando", disse Gucht.

Segundo o órgão, as restrições significaram a perda de € 500 milhões em exportações da União Europeia para a Argentina em 2011.

O governo da presidente Cristina Kirchner terá dez dias para responder ao pedido de consultas realizado pela UE. Em caso de ausência de acordo entre as partes ou de falta de resposta por parte da Argentina, a OMC poderá instalar uma comissão que arbitre sobre o caso.

De Gucht também disse que "esta não é uma luta entre a Europa e um de nossos sócios comerciais -não somos os únicos que estão se queixando".

A denúncia soma-se a outra reclamação feita em março por 40 países, incluindo, além dos europeus, Estados Unidos, Japão, Austrália, Israel, Coreia do Sul, Nova Zelândia, Noruega, Panamá, Taiwan, Tailândia e Turquia.

O Brasil não compartilha dessas críticas e mantém sua atitude de "paciência estratégica" em relação ao país vizinho, apesar de reclamações pontuais de empresários.

A Argentina rechaçou a acusação da União Europeia e a considerou carente de objetividade, além de politicamente motivada.

Em seu discurso em comemoração da independência argentina ontem, em Bariloche, Cristina Kirchner afirmou que os países europeus também praticam protecionismo e que era injusto classificar o protecionismo argentino de "populista".

Também atacou seus críticos portenhos. "Que não se queixem tanto em Buenos Aires: estamos trabalhando por todos os argentinos."

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