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Para o FMI, gregos tiveram vida mole Diretora Lagarde diz que sofrida mesmo é a vida de crianças africanas, e que Grécia sofre consequência de seus atos Francesa ataca gregos que tentam fugir de pagamento de impostos; país já encolheu 20% desde início da crise
O Fundo Monetário Internacional está intensificando a pressão sobre a Grécia. Sua diretora-gerente, Christine Lagarde, afirmou em entrevista ao "Guardian" que se solidariza mais com as crianças da África subsaariana sem escolas decentes do que com muitas das pessoas que enfrentam a perspectiva da pobreza em Atenas. Ela insistiu que é hora de a Grécia sofrer as consequências de seus atos e deixou claro que o FMI não pretende suavizar os termos do pacote de austeridade do país. Usando a linguagem mais direta e intransigente já vista nos dois anos e meio da crise da dívida, Lagarde disse que, se as crianças gregas estão sendo afetadas pelos cortes nos gastos, os pais delas precisam assumir a responsabilidade por isso. "Os pais precisam pagar seus impostos." A Grécia, que viu sua economia encolher 20% desde que a recessão começou, foi instruída a cortar salários, pensões e gastos públicos em troca de ajuda financeira do FMI, União Europeia e Banco Central Europeu. Indagada se ela é capaz de bloquear de sua mente a imagem das mães impossibilitadas de ter acesso a parteiras ou de pacientes incapazes de obter medicamentos que poderiam salvar suas vidas no país, Lagarde respondeu: "Penso mais nas criancinhas de uma escola em um pequeno povoado do Níger [oeste africano] que têm apenas duas horas de aula por dia, dividindo uma cadeira entre três alunos, e que estão muito ansiosas por estudo. Tenho essas crianças em mente o tempo todo. Porque acho que elas precisam de ainda mais ajuda que a população de Atenas." Segundo o ranking anual sobre Desenvolvimento Humano da ONU, a Grécia ocupa a 29ª posição, com renda per capita anual de cerca de US$ 26 mil. Níger está em 186ª, com renda de US$ 626. Prevendo que a crise da dívida ainda não terminou, Lagarde acrescentou: "Sabe de uma coisa? No que diz respeito a Atenas, também penso em todas essas pessoas que ficam o tempo todo tentando fugir de pagar impostos". Indagada se, essencialmente, ela está dizendo aos gregos e outros na Europa que eles viveram na moleza por algum tempo e que agora estão sofrendo as consequências disso, ela respondeu: "Isso mesmo". A intervenção de Lagarde se deu depois de o governo provisório grego se reunir para discutir a queda aguda na receita tributária. Tradução de CLARA ALLAIN Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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