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Risco-país dispara, Bolsa cai e Espanha tem 'segunda negra'

Desconfiança com títulos da dívida pública é a maior desde a criação do euro

Espanha já cogita pedir auxílio ao fundo de resgate europeu para lidar com os problemas nos bancos, diz jornal

RODRIGO RUSSO
DE LONDRES

Com crescente incerteza quanto à sustentabilidade de seu setor bancário, a Espanha viveu ontem o que foi chamado de "segunda-feira negra".

O país alcançou o recorde histórico de sua nota de risco, que, pela primeira vez desde o lançamento do euro, em 1999, chegou ao valor de 511 pontos.

O risco é calculado com base na diferença entre os juros cobrados pelos investidores para comprar títulos da dívida pública espanhola e os da Alemanha, o país mais seguro do continente.

O mercado negociou ontem os títulos espanhóis com vencimento em dez anos a 6,47%, aproximando-se cada vez mais da casa dos 7%, patamar que analistas consideram insustentável sem um pacote de resgate. Na sexta-feira, os juros eram de 6,31%.

A nota de risco da Espanha hoje já é maior que a da Grécia quando o país helênico recorreu pela primeira vez a um empréstimo das autoridades europeias e está a apenas quatro pontos percentuais da nota de Portugal quando também precisou ser resgatado.

A Irlanda, o terceiro país europeu que recorreu à ajuda externa, tinha nota de risco de 544 pontos quando pediu empréstimo.

O cenário tem origem no temor dos investidores em relação ao resgate do Bankia, o terceiro maior banco do país, o que acontecerá por meio de uma nacionalização parcial.

Na sexta-feira passada, o banco pediu ajuda de € 19 bilhões (R$ 47,6 bi) ao governo, e suas ações foram suspensas da Bolsa. Ontem, no retorno ao mercado de Madri, caíram 13,38% ao fim do dia, mas experimentaram queda de até 28% durante as transações. O principal índice da Bolsa de Madri fechou ontem no menor patamar desde 2003, com queda de 2,2%.

Além disso, o jornal "El Mundo" afirma, citando fontes do governo, que a Espanha já cogita pedir auxílio ao fundo de resgate europeu para lidar com os problemas no setor bancário, que não estão restritos ao Bankia.

Neste mês, o país anunciou que os bancos chegaram a níveis recordes de empréstimos considerados de pagamento duvidoso: em março, o volume era de 8,4% do total, ou € 148 bilhões (R$ 371 bilhões), maior proporção desde agosto de 1994.

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