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EUA acusam Rússia de fomentar crise síria

Secretária de Estado Hillary Clinton classifica apoio russo à ditadura Assad como contribuição para uma guerra civil

Depois de afirmar que Damasco "mente descaradamente", embaixadora na ONU insinua intervenção

Muhammad Hamed/Reuters
Na Jordânia, sírios se preparam para queimar sapatos com as bandeiras do Irã, Rússia e China e a imagem do ditador Assad
Na Jordânia, sírios se preparam para queimar sapatos com as bandeiras do Irã, Rússia e China e a imagem do ditador Assad

MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

Na mais dura crítica dos EUA ao papel da Rússia na crise da Síria, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, disse ontem que a relutância de Moscou em apoiar ações contra o regime de Bashar Assad poderá levar a uma guerra civil.

A advertência ocorreu após Rússia e China reafirmarem sua oposição a uma intervenção militar na Síria.

A hipótese voltou a ser discutida em meio ao choque causado pelo massacre de 108 pessoas em Houla, no último fim de semana.

"[Os russos] me dizem que não querem uma guerra civil. Eu tenho dito a eles que sua política ajudará a contribuir para uma guerra civil", disse Hillary na Dinamarca.

A coalizão internacional obtida no levante da Líbia em 2011, quando a ONU aprovou uma intervenção militar de apoio aos rebeldes, está sendo barrada por China e Rússia, disse Hillary. "Principalmente pela Rússia", frisou.

Enquanto isso, a Liga Árabe faz gestões para que Pequim ceda da posição cautelosa e retire o veto a ações mais duras contra a Síria no Conselho de Segurança.

A situação do país fez o Conselho de Direitos Humanos da ONU convocar reunião de emergência para hoje.

Em abril, a ONU aprovou o envio de 300 observadores desarmados por iniciais 90 dias para monitorar o cessar-fogo firmado no plano intermediado pelo enviado especial para a Síria, Kofi Annan.

REPRESSÃO

Mas os monitores não inibiram a violência. A ONU reportou seguidas violações do cessar-fogo pelo regime, que manteve a repressão ao levante iniciado há 15 meses.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que massacres de civis como o de Houla poderão afundar a Síria "numa guerra civil da qual o país jamais se recuperará".

Baseada em relatos de seus observadores na Síria, a ONU apontou sinais de execuções sumárias nas vítimas de Houla e indicou que provavelmente foram cometida por milícias pró-regime.

O governo sírio anunciou que sua investigação preliminar mostra que suas forças não estavam envolvidas no massacre. Segundo o general Kassem Suleiman, "entre 600 e 800 membros de grupos terroristas armados" entraram no vilarejo e mataram famílias "que se recusaram a se opor ao governo".

Suleiman criticou Ban Ki-moon, a quem chamou de "anunciador de guerras civis". A embaixadora dos EUA na ONU, Susan Rice, desprezou a investigação do regime sírio, classificando-a como "mentira descarada".

Na véspera, Rice havia afirmado que, se o plano da ONU fracassar, será preciso examinar ações "fora da autoridade do Conselho de Segurança". Ela não disse a que tipo de ação se referia.

A UE disse que prepara mais uma rodada de sanções contra a Síria e pediu que outros países façam o mesmo.

Riad Asaad, comandante do Exército Livre da Síria, a principal milícia rebelde, desmentiu que tenha dado um ultimato para que o regime cumpra o cessar-fogo, mas exortou a ONU a declarar o fracasso do plano intermediado por Annan.

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