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Dados negativos adiam retomada global

Estados Unidos, Europa e China divulgam indicadores que põem em xeque recuperação da economia mundial

Bolsas reagiram mal ao noticiário sobre alta de desemprego americano e à desaceleração no gigante asiático

LUCIANA COELHO
DE WASHINGTON
FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM

Uma confluência de dados negativos anunciados ontem nos EUA, na Europa e na China assustou os mercados financeiros e levou analistas a questionarem suas perspectivas para a economia global, após vislumbrarem uma melhora nos últimos meses.

O desemprego nos EUA cresceu em maio pela primeira vez em um ano, voltando a 8,2% e dando outro sinal de que a recuperação na maior economia do mundo é mais tímida e menos confiável do que dados anteriores -ontem revistos para pior- sugeriam.

Na Europa, o mercado de trabalho da zona do euro está em sua pior forma desde que surgiu a moeda única, enquanto na China, o motor da retomada global, a produção industrial exibiu o pior resultado deste ano.

As Bolsas mundo afora reagiram mal ao noticiário (veja quadro).

"Os problemas no mercado de trabalho levaram tempo fermentando e não serão resolvidos da noite para o dia", disse o chefe do Conselho de Assessores Econômicos da Casa Branca, Alan Krueger, em comunicado que depois seria ecoado pelo presidente Barack Obama.

"Nossa economia ainda enfrenta contratempos graves, como a crise na Europa e o preço da gasolina", acrescentou, dizendo que o país ainda tenta "sair do buraco".

Krueger saiu em defesa de Obama, cuja reeleição neste ano depende da performance da economia.

O Departamento do Trabalho americano informou que 69 mil vagas foram criadas no mês passado, número amplamente classificado por economistas como "decepcionante" -e insuficiente para a expansão de 0,2% na força de trabalho ocorrida no mês.

Assim, o desemprego foi de 8,1% a 8,2%. O setor de construção, maior obstáculo à retomada, continuou a demitir.

O cenário se agrava porque os dados anteriores foram revisados para baixo. Em abril, haviam sido criados 77 mil postos, e não 115 mil como antes dito, e em março, 143 mil em vez dos 154 mil estimados.

A fragilidade americana se soma a outras nuvens negras no horizonte global, que há dois meses parecia se abrir.

A zona do euro anunciou o maior índice de desemprego desde sua origem: 11% em abril -estável sobre o de março, mas 1,1 ponto acima do de abril de 2011. Na União Europeia, o índice foi a 10,3%.

O caso mais grave é o da Espanha, onde uma em cada quatro pessoas está desempregada. A Grécia, pivô da crise, não atualiza dados desde fevereiro, quando registrou 21,7%.

CHINA

Pequim, por sua vez, registrou o pior resultado para a produção industrial em cinco meses, alimentando mais dúvidas sobre a capacidade de a segunda economia mundial fazer um "pouso suave".

No mês passado, o índice de compra de produtos manufaturados ficou em 50,4, queda de 2,9 pontos percentuais em relação a abril, informou a Federação Chinesa de Logística e Compra.

Apesar do pé no freio, o desempenho de maio ainda é de expansão industrial, por estar acima de 50 pontos (abaixo desse número, ocorre retração).

Já o subíndice de novos pedidos recuou 4,7 pontos percentuais, para 49,8 pontos.

"A economia provavelmente perderá mais força porque o subíndice para novos pedidos caiu bruscamente, indicando uma atividade manufatureira ainda mais baixa no futuro", disse Zhang Liqun, do Centro de Desenvolvimento de Pesquisa do Conselho de Estado. Vários indícios de desaceleração mais brusca do que o esperado preocupam o governo chinês.

O premiê Wen Jiabao disse, na semana passada, que é preciso "dar mais prioridade à manutenção do crescimento". O governo estuda medidas para estimular a economia, como subsídios à compra de carros novos e projetos de infraestrutura.

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