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Chanceler húngaro nega uma virada autoritária no país

Após ser eleito em 2010, premiê criou lei de imprensa controversa e mexeu na independência do BC húngaro

Comissão Europeia iniciou "processos de infração" para analisar se as novas leis ferem as diretrizes do bloco

CAROLINA VILA-NOVA
DE SÃO PAULO

As acusações de uma virada autoritária do governo da Hungria e os conflitos com a União Europeia são "distorções" e "exageros" da mídia, disse à Folha o chanceler húngaro, Janós Martonyi.

Após a vitória eleitoral que lhe deu uma "supermaioria" no Parlamento em 2010, o premiê Viktor Orbán (conservador) deu início a amplas reformas constitucionais amparadas na retórica anticapitalista e nacionalista.

Ele aprovou uma controversa lei de mídia que criou um órgão, dominado por seus partidários, para supervisionar a mídia privada. Tornou obrigatória a aposentadoria antecipada de juízes e mexeu na independência do Banco Central e do órgão de proteção de dados.

A Comissão Europeia iniciou uma série de "processos de infração" para analisar se algumas dessas leis ferem as diretrizes do bloco. E as medidas renderam a Orbán a alcunha de "novo Putin".

"Se alguém na mídia ou em outro lugar comete exageros ou distorções, é algo que não posso levar a sério", disse Martonyi durante visita a São Paulo no mês passado.

Ele minimizou o conflito com a UE, dizendo que "muitos ou a maioria" dos processos já foram resolvidos.

"A situação está sob controle. Há muitos outros Estados-membros contra os quais há processos. Em alguns casos, o número de processos é mais do que o dobro dos da Hungria", disse. "Na maioria dos casos chegamos a um acordo."

O ímpeto reformador de Orbán também operou na economia.

O mercado de trabalho foi flexibilizado, o funcionalismo público foi reduzido, foram criados impostos especiais e medidas para a redução do deficit público.

Mas o cenário econômico não foi menos complicado que o político. Com 75% das exportações dependendo do mercado europeu, o país se viu em maus lençóis ao se acirrar a crise econômica.

A dívida atingiu 82% do PIB, enquanto a moeda forint registrou baixas recordes contra o euro e o crédito do país foi classificado como "junk" (lixo) por três agências de classificação de risco. A previsão de crescimento para este ano é próxima a 0%.

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