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Grécia fora do euro é 'suportável', diz analista

SHEILA D’AMORIM
DE BRASÍLIA

Para o economista-chefe do banco português Espírito Santo (BES), Carlos Andrade, os efeitos diretos da eventual saída da Grécia da zona do euro serão "suportáveis", dada a pequena participação do país na economia do continente. O problema, diz ele à Folha, são os impactos indiretos -sobretudo, a falta de confiança em países como Portugal e Espanha.

Folha - Qual a avaliação do estágio atual da crise na Europa?
Carlos Andrade - Há uma preocupação grande com a Grécia e com o setor bancário espanhol que está afetando o nível de confiança. Acreditamos que o Banco Central Europeu (BCE) adotará medidas necessárias e que a Grécia se manterá na zona do euro.

Qual o risco de uma saída da Grécia para zona do euro?
Os impactos diretos são relativamente contidos e suportáveis. O peso da Grécia na zona do euro é reduzido, pouco mais de 2%, e a exposição do setor financeiro privado europeu à Grécia caiu bastante no último ano.
A grande exposição está nos credores oficiais [BCE, governo e FMI] e é fácil de digerir. Portanto não há esse risco de ser um novo Lehman Brothers [banco americano cuja quebra, em 2008, foi o estopim da crise mundial].

Quais os impactos indiretos?
O impacto indireto é mais incerto e pode gerar falta de confiança em outras economias da zona do euro, com fuga de depósitos de países como Espanha, Itália e Portugal. Mas isso não está se concretizando. Os depósitos bancários em Portugal estão aumentando, não diminuindo.
Acredito que, em uma crise de confiança, o BCE atuaria muito rápida e agressivamente para conter qualquer contágio e injetar liquidez no sistema financeiro de forma ilimitada.

Essa análise inclui um agravamento da situação bancária na Espanha? Lá os depósitos não estão aumentando.
É uma situação diferente. A Espanha tem problema no setor bancário e é o que difere de Portugal. Os bancos portugueses não tiveram exposição à bolha imobiliária como a Espanha e estão se recapitalizando.
A Espanha, no entanto, é uma economia forte, não é como a Grécia. Ela tem condições para resolver a situação, mas de imediato gera alguma instabilidade nos mercados.

Mas está difícil retomar crescimento na Europa. Quando isso será possível?
Enquanto tivermos as medidas de estabilização, o crescimento se torna mais difícil. Nossa perspectiva é que a zona do euro como um todo retome o crescimento em 2013.

Qual a projeção de crescimento do PIB?
Para Portugal, ainda é residual em 2013, mas já positivo. Para a eurozona, creio que será acima de 1%. Crescimento ainda reduzido, sem dúvida.

E para este ano?
Haverá contração da atividade na zona do euro, perto de 0,3% negativo. Para Portugal, contração de 2,99%.

Qual o maior risco para as economias emergentes?
É o risco de a Grécia chegar a uma situação extrema em que a própria Grécia decida sair da zona do euro. É um cenário que não consideramos como central, mas temos que admitir que esse risco está lá.

Leia íntegra
folha.com/no1100152

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