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Análise

Governo de centro-direita de Mariano Rajoy enfrenta um momento decisivo

VICTOR MALLET
DO "FINANCIAL TIMES", EM MADRI

Depois de menos de seis meses no poder, o governo espanhol de centro-direita enfrenta a possibilidade de uma catástrofe financeira e política que até recentemente confiava poder evitar: um resgate internacional como o recebido pela Grécia, pela Irlanda e por Portugal.

Mariano Rajoy, primeiro-ministro pelo Partido Popular, lançou um programa de reforma econômica depois de conquistar uma vitória esmagadora sobre seus rivais socialistas e tentou restaurar a confiança cada vez mais abalada dos líderes empresariais de seu país; no fim de semana, ele declarou em uma conferência que "a Espanha não está à beira do precipício".

Ele acrescentou: "Não estamos dormindo em leito de rosas, mas tampouco estamos à beira do apocalipse".

Mas, dentro de algumas semanas, ou talvez até alguns dias, Rajoy terá de escolher entre salvaguardar a futura prosperidade econômica da Espanha e a sua sobrevivência como usuária do euro.

Com a fuga de capital crescendo e as taxas de juros dos títulos de dívida pública espanhóis subindo a patamares insustentavelmente elevados, é improvável que lhe reste muito tempo.

Rajoy e seus ministros estão desesperados por evitar um resgate formal administrado pelas instituições europeias e pelo FMI, temendo o estigma de intervenção e as medidas duras de austeridade que seriam impostas, destruindo a credibilidade de seu partido e mantendo-o alijado do poder por uma geração.

Um cenário intermediário envolveria o uso de fundos da União Europeia para recapitalizar os bancos espanhóis.

O governo espanhol, depois de nacionalizar o deficitário Bankia -formado por sete antigos bancos de poupança- e anunciar que a instituição precisava de € 19 bilhões em capital adicional, sabe que precisa de dinheiro externo para seu sistema bancário devido à dificuldade em levantar capital adicional nos mercados de títulos públicos.

O Tesouro espanhol anunciou, audaciosamente, que conduzirá um leilão de títulos amanhã.

Mas há uma escola de pensamento em Madri que argumenta em favor da paciência.

O problema é que, como na Grécia e em menor grau em Portugal e na Irlanda, austeridade sem crescimento pode ser tóxica para aqueles que detêm o poder.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

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