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Presença de rebeldes incomoda turcos na fronteira

KAREN MARÓN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NA FRONTEIRA ENTRE A TURQUIA E A SÍRIA

"Nosso objetivo é acabar com o regime de Bashar Assad e libertar a Síria", afirma Abu Ismael, um jovem engenheiro de informática que integra o Conselho Superior Revolucionário da Síria, em um refúgio clandestino localizado nos subúrbios da cidade de Antakya, Turquia, próxima da fronteira com o país.

A cidade foi uma das maiores metrópoles do mundo antigo (Antióquia) e, em companhia de Roma e Alexandria (Egito), representava um dos maiores centros comerciais e culturais.

Mas hoje, e desde o início da crise síria, ela se converteu em baluarte privilegiado dos opositores armados ao regime de Assad, que atuam sob a proteção do governo turco de Recep Erdogan e consideram a cidade como seu quartel-general.

O objetivo dos rebeldes continua a ser derrotar o regime de Assad com uma estratégia que toma por base ataques de guerrilha e assassinatos de figuras das forças de segurança e das milícias patrocinadas pelo Estado, no momento em que crescem os sinais de resistência armada ao regime, depois de meses de protestos.

Os moradores da cidade vivem há mais de um ano preocupados com os acontecimentos no país vizinho. Os campos de refugiados que abrigam milhares de sírios ficam bem perto do perímetro urbano.

"Tudo mudou para pior depois que começou o conflito na Síria", diz um comerciante de artigos para presentes na rua Hurriyet, uma das principais artérias comerciais da cidade.

Outro opositor, Abu Ismael, diz que está utilizando seus conhecimentos de computação para hackear sites do governo sírio e já se considera parte da cidade.

O jovem é membro do Conselho Revolucionário Superior, organização de oficiais desertores e opositores sírios comandada pelo general Mustafá Ahmed al Sheikh.

IMPROVISO

O quartel-general improvisado do Conselho Superior Revolucionário fica em uma casa nas colinas de Antakya. Chega-se a ela de carro, por um percurso tortuoso escolhido para ocultar o caminho.

Ainda que a casa fique a poucos quilômetros da cidade, as manobras são necessárias para despistar a possível interferência dos agentes de segurança sírios e de seus cúmplices turcos.

Todos têm na memória o sequestro do tenente-coronel Hussein Harmoush, um dos primeiros oficiais sírios a desertar. Ele foi sequestrado nessa região da Turquia -na metade de setembro do ano passado- e transportado a Damasco, onde terminou executado em janeiro de 2012.

A casa de dois pavimentos também serve como hospital clandestino. Mohammed, outro jovem disposto a morrer como mártir, mostra com orgulho os oito feridos que lotam um dos aposentos do primeiro andar. Não são ferimentos graves; alguns deles trazem bandagens em um braço ou uma perna.

A esperança continua a ser a ajuda internacional, que não se materializa. A ansiedade é patente quando a questão é discutida.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

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