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Rússia endurece lei que pune protestos

Parlamento multiplica por 60 multas para quem participar de manifestações não autorizadas contra presidente Putin

Para entrar em vigor, texto só precisa ser sancionado pelo presidente, criticado por violenta repressão

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O Parlamento russo aprovou ontem uma lei que aumenta de 5.000 rublos (R$ 306) para 300 mil rublos (cerca de R$ 18.350) a multa máxima para quem participar de protestos contra o presidente Vladimir Putin.

Para entrar em vigor, ela só precisa agora ser sancionada pelo próprio mandatário. Segundo a oposição, o Kremlin pressionou para que o texto fosse aprovado logo, antes dos protestos marcados para a próxima terça-feira.

O endurecimento nas multas foi proposto pelo partido Rússia Unida, de Putin, após a onda de manifestações no país que sucedeu a eleição do presidente para seu terceiro mandato. Desde março, centenas de pessoas que participaram de protestos foram presas -pelo menos 400 só no dia de sua posse, há exatamente um mês.

O Conselho da Federação (equivalente ao Senado) aprovou o texto por 132 votos -houve apenas um voto contrário e uma abstenção. Antes, a lei tinha passado pela Duma (câmara baixa), após um debate de 11 horas, que atravessou a madrugada, e teve, ao menos, uma pequena resistência: foi aprovado por 241 votos contra 147.

Com a sanção presidencial, o menor valor da multa a ser paga por manifestantes que "violarem a ordem pública" passará a ser de 10 mil rublos (R$ 612). Para os organizadores de "protestos não autorizados", a punição é ainda maior: pode chegar a 600 mil rublos (R$ 36,7 mil).

"Esta não é uma lei proibitiva. Ninguém está proibido de participar de encontros, eles podem expressar abertamente suas opiniões. Mas a segurança pública não pode ser violada. Não deve haver ameaça para a vida humana", justificou a presidente do Conselho da Federação, Valentina Matviyenko.

RADICALIZAÇÃO

Para os oponentes de Putin, no entanto, a nova lei poderá levar a uma radicalização do movimento de oposição. "Isso não vai parar os protestos. Só vai tornar os manifestantes mais radicais", disse o líder oposicionista Boris Nemtsov, que foi vice-premiê no governo de Boris Ieltsin (1991-1999), à agência russa RIA Novosti.

"As autoridades estão escrevendo sua própria sentença hoje. Se um protesto não pode ser expresso por meios pacíficos e legais, então ele vai encontrar outras maneiras de se mostrar, que não são pacíficas", concordou Sergei Mitrokhin, líder do partido de oposição Yabloko, que preparou um ato em frente ao Parlamento.

O ex-candidato à Presidência Mikhail Prokhorov, que ficou em terceiro lugar nas eleições, criticou a nova lei, destacando que ela vai "levar a mal-entendidos".

"Ela [a lei] não tem critérios claros, e isso é sempre perigoso. Eu não apoio essas medidas", disse Prokhorov ao canal Dozhd TV.

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