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Análise

Nova regra de financiamento produzirá campanha eleitoral amarga nos EUA

ALEXANDER KEYSSAR
ESPECIAL PARA A FOLHA

Depois que a primária republicana no Texas deu a Mitt Romney delegados suficientes para garantir formalmente a indicação de seu partido à Presidência, o presidente Obama telefonou ao rival para congratulá-lo. O telefonema foi como o aperto de mão que dois pesos-pesados trocam antes de iniciar a disputa de um título de boxe.

A campanha presidencial está em curso há meses, mas entrou em nova fase que vai até o começo de setembro.

Ao longo dessas semanas, os dois candidatos arrecadarão dinheiro para suas campanhas incansavelmente, e testarão, em discursos e propaganda, temas que acreditam possam reforçar sua posição junto ao eleitorado.

É o profundo antagonismo entre os partidos que vem dando forma e tom à campanha. Proporção incomumente alta dos discursos e da propaganda consiste em ataques ao adversário, em lugar de articulação positiva de ideias.

Romney critica Obama quase todos os dias por sua conduta ineficiente da economia. A campanha de Obama concentra suas atenções no fracasso do rival quanto a criar empregos, quando governou Massachusetts.

Novas regras de financiamento de campanha ampliarão dramaticamente a presença da propaganda negativa, porque permitem que comitês de ação política (PACs) quase independentes arrecadem fundos ilimitados para "propaganda de ataque" pela qual os candidatos não assumem responsabilidade.

As novas regras devem produzir uma das disputas mais amargas da história recente.

Uma outra característica da campanha em curso é mais tradicional e reflete o sistema de colégio eleitoral usado na eleição dos EUA (sob o qual os votos de todos os delegados de um Estado cabem ao candidato que vença nas urnas naquele Estado).

A campanha daqui por diante será conduzida quase inteiramente nos Estados "incertos" ou "em disputa", entre os quais Flórida, Ohio, Virgínia, Carolina do Norte e Wisconsin. Obama e Romney farão visitas repetidas a esses Estados, e suas máquinas montarão estruturas fortes neles. Seria arriscado prever o resultado da eleição cinco meses antes da votação. Além disso, nas duas eleições passadas, as campanhas sofreram reviravoltas inesperadas.

Obama e Romney sabem que o resultado da disputa pode ser profundamente influenciado por desdobramentos (como os problemas do euro) sobre o qual nenhum deles tem controle.

ALEXANDER KEYSSAR é professor de história e política pública na Escola Kennedy de Administração Pública da Universidade Harvard.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

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