Índice geral Mundo
Mundo
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

ilustrada em cima da hora

Morre o escritor Ray Bradbury, mestre da ficção científica

Americano concebeu livros clássicos como "Fahrenheit 451", adaptado para o cinema por François Truffaut

Autor, que morreu na última terça, em Los Angeles, influenciou do cinema de Spielberg aos parques da Disney

RODRIGO SALEM
DE SÃO PAULO

Ray Douglas Bradbury, um dos mestres da literatura de ficção científica no século 20, morreu anteontem, aos 91 anos, em Los Angeles (EUA).

A notícia da morte do escritor de "Fahrenheit 451" e "As Crônicas Marcianas" foi confirmada ontem por sua filha, Alexandra Bradbury, e pela editora HarperCollins.

"Ele morreu de forma tranquila", diz o comunicado da editora, sem mais detalhes.

Apesar de escrever sobre ficção científica, o americano da pequena Waukegan (Illinois) nunca ficou restrito aos limites do gênero.

Aos 27 anos, foi premiado pelo conto "Uma Estranha Família", descoberto por Truman Capote -então editor da revista "Mademoiselle".

Bradbury não só criava fantasias escapistas. Suas "Crônicas Marcianas" (1950) faziam analogias entre os marcianos e o extermínio dos indígenas americanos.

Em "Fahrenheit 451" (1953), adaptado para o cinema por François Truffaut em 1966, o escritor vislumbrava um futuro no qual livros são queimados, e as pessoas não conseguem viver sem a presença de uma tela. Parece ficção?

"Não é preciso queimar livros para destruir uma cultura. Basta fazer com que parem de lê-los", dizia o autor, que só permitiu que "Fahrenheit 451" saísse em e-book no ano passado.

Bradbury dizia não ter medo das máquinas, e sim do fascínio dos homens por elas.

Nunca aprendeu a dirigir e não andava de avião, mas teve uma cratera lunar batizada em homenagem a um de seus contos, "Dandelion Wine" (1957), da coletânea homônima, que sai no Brasil em outubro, como "O Licor de Dente-de-Leão" (Bertrand).

Fanático por cinema desde que se mudou para Los Angeles, em 1934, escreveu o roteiro de "Moby Dick" (1956), de John Huston, foi indicado ao Oscar pelo curta "Icarus Montgolfier Wright" (1962) e adaptou várias de suas histórias para os seriados "Além da Imaginação" e "The Ray Bradbury Theater".

Recebeu o National Book Award pelo conjunto da obra, em 2000, e a National Medal of Arts pela "contribuição à ficção americana", em 2004.

"Ele me inspirou em boa parte da carreira", disse o diretor Steven Spielberg. "O som que ouço hoje é de um gigante indo embora", declarou o escritor Stephen King.

Bradbury, que perdeu a mulher em 2003 e deixa quatro filhas, nunca parou de escrever. Dois dias antes de sua morte, publicou um artigo na revista "New Yorker" em que lembra da infância e do avô.

Ele, que dizia querer ser enterrado em Marte, deve ter o corpo sepultado ao lado do da mulher, no cemitério Westwood Village, em Los Angeles.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.