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Monitores da ONU são alvo de tiros e impedidos de visitar aldeia síria

Observadores fariam vistoria em local onde anteontem 78 foram mortos, segundo ativistas

Ban Ki-moon pede mais ações contra regime de Assad; Annan admite fracasso do plano de paz e quer "nova discussão"

MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

Num dia em que observadores da organização foram alvo de tiros ao tentar investigar um novo massacre na Síria, a ONU pediu mais pressão sobre o regime do ditador Bashar Assad para evitar uma "guerra total".

Observadores da ONU foram impedidos pelo regime sírio de visitar uma aldeia no centro do país onde pelo menos 78 pessoas foram mortas anteontem, segundo relatos da oposição.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, reconheceu que é hora de ações mais incisivas da ONU para conter a violência, uma possível menção a sanções contra Assad.

"Ninguém pode saber como a situação na Síria evoluirá. Precisamos estar preparados para qualquer eventualidade", disse Ban, que prometeu apresentar "uma variedade de opções" ao Conselho de Segurança.

O fracasso do cessar-fogo intermediado pela ONU ficou evidente ontem. Comboios da ONU que iriam investigar denúncias de um novo massacre, foram parados em barreiras militares e orientados a dar meia volta, afirmou o general Robert Mood, chefe da missão de observadores.

Ban Ki-moon, disse que os monitores, que não carregam armas, estiveram sob fogo. Não houve feridos.

Ban condenou o novo massacre como uma "barbárie inominável" e deu a entender que as informações iniciais apontam para uma ação de tropas do regime.

"Uma aldeia aparentemente cercada pelas forças sírias. Corpos de civis prostrados onde estavam, baleados. Alguns supostamente queimados e retalhados com facas", descreveu Ban.

Kofi Annan, que intermediou o fracassado cessar-fogo, admitiu o fracasso de seu plano e também pediu "novas discussões" sobre a crise.

Caso confirmado, o massacre em Mazraat al Qaber, na província de Hama (centro), será o quarto atribuído às forças do governo nas últimas duas semanas.

Vídeos postados na internet por ativistas mostram corpos de mulheres e crianças com marcas de tiros e facadas em casas incendiadas.

Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, a aldeia foi alvo de artilharia pesada dos tanques sírios e em seguida massacrada pelas milícias do regime conhecidas como "shabiha" (fantasma, em árabe).

O número de mortos relatado por grupos de oposição varia entre 78 e 140, grande parte crianças.

No último dia 25, 108 pessoas foram mortas em Houla, perto de Homs (também na região central), levando EUA e mais dez países a expulsar diplomatas sírios em protesto. A ONU viu sinais de execução sumária praticadas pelas "shabiha".

Assim como em episódios anteriores, o regime sírio negou participação no massacre de anteontem e culpou "gangues terroristas".

A ONU afirma que o levante contra Assad, que começou com protestos pacíficos há 15 meses e foi duramente reprimido pelo regime, ganha cada vez mais contornos de guerra sectária. Nesta semana, rebeldes disseram ter matado cem soldados.

EUA e potências europeias defendem a saída de Assad, mas China e Rússia vetam na ONU todo plano destinado a troca de regime.

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