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Espanha pede socorro financeiro à Europa

Pacote de ajuda para sanear setor bancário é liberado sob condição de supervisão do FMI e pode chegar a € 100 bi

Estimativa do FMI é de que país precisaria de € 40 bilhões; diferença nos valores seria para "dar margem" a Madri

RODRIGO RUSSO
DE LONDRES

Pressionada pelos mercados e por líderes europeus, a Espanha aceitou ontem pedir um plano de resgate ao seu setor bancário, em reunião de emergência dos ministros de Finanças da zona do euro.

Em comunicado após o encontro, os ministros afirmaram que Madri apresentará em breve um pedido formal de socorro, que será bem recebido pela zona do euro.

O comunicado dos ministros de Finanças assinala a possibilidade de a Espanha receber até € 100 bilhões (R$ 254 bilhões), para ter uma margem de segurança.

Segundo relatório divulgado na noite de sexta pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), o país precisa de € 40 bilhões (R$ 101 bilhões) para sanear seu setor bancário.

O dinheiro deve ser emprestado pelo Fundo Europeu de Estabilidade Financeira -um dos instrumentos da zona do euro para socorrer países em crise- a um fundo espanhol dedicado à reestruturação de bancos do país.

O valor exato e as condições do empréstimo não foram divulgados. A Espanha diz aguardar parecer de duas consultorias contratadas para avaliar seu setor bancário.

A quarta maior economia da zona do euro se torna o quarto país a pedir auxílio financeiro ao bloco -depois de Irlanda, Portugal e Grécia.

Durante a semana, a Espanha sofreu intensa pressão para resolver a crise de seu setor bancário, que ameaçava contaminar toda a região, em caso de quebra.

Pouco antes do encontro de ontem, o presidente do conselho de ministros de Finanças da zona do euro, Jean-Claude Juncker, disse que o grupo estava pronto a ajudar a Espanha, mas que o pedido deveria partir do país.

O acordo para um resgate feito antes das eleições na Grécia, no próximo domingo, traz alívio à União Europeia.

O pleito em Atenas é visto como potencialmente turbulento para a economia da região, já que há chances de a sigla Syriza (esquerda radical) vencer. Contrário às condições do acordo de resgate firmado por Atenas com o bloco, o Syriza pode revê-lo e até abandonar o euro.

A Grécia precisou recorrer duas vezes às autoridades europeias: em 2010, quando recebeu € 110 bilhões, e no início deste ano, quando precisou de mais € 130 bilhões.

A Irlanda pediu resgate em 2010 (€ 85 bilhões). O empréstimo a Portugal ocorreu em junho de 2011 (€ 78 bilhões).

O secretário do Tesouro dos EUA, Timothy Geithner, comemorou a decisão da Espanha. Na sexta, o presidente Barack Obama cobrou dos líderes da região ações mais assertivas contra a crise, que ameaça a economia dos EUA.

Geithner classificou o pedido como "um passo concreto para uma união financeira, vital para a resistência da zona do euro". A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, e o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schauble, também festejaram o acordo.

O FMI supervisionará a operação, embora a Espanha diga que as exigências de contrapartida serão feitas apenas ao setor bancário.

Segundo o jornal inglês "Financial Times", a Alemanha impôs duras condições para a liberação do pacote, exasperando Madri.

Concluído o acordo, a resistência veio da Finlândia, que anunciou que pedirá garantias caso o empréstimo de fato saia do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira.

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