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'Web não substitui revista de opinião política'

Para ex-editor da "Nation", publicações devem realizar jornalismo interpretativo na extensão que for necessária

Visão de jornalismo do professor de Columbia, em Nova York, foi influenciada pela era macarthista nos EUA

NELSON DE SÁ
ARTICULISTA DA FOLHA

Para o jornalista Victor Navasky, que foi editor por quase três décadas, até 2005, da revista semanal de esquerda "The Nation" -o semanário publicado há mais tempo, continuamente, desde 1865, nos Estados Unidos-, a internet não tem como substituir publicações de opinião política como a sua.

Aos 79 anos, o professor da Universidade Columbia faz na terça a palestra de lançamento da "Revista de Jornalismo ESPM", em São Paulo.

"O papel da pequena publicação de opinião, numa sociedade democrática, é realizar o jornalismo interpretativo na extensão que for necessária, explorar ideias intensivamente, não nessas frases curtas", afirma Navasky.

"Estamos na era do Twitter e do jornalismo tecnologizado, e as pessoas dizem que a crítica da imprensa está on-line. Mas você a recebe em mensagens de 140 caracteres ou em programas gritados na TV, como o de Bill O'Reilly [da Fox], onde as pessoas berram umas com as outras."

Lembrando as publicações alternativas na ditadura brasileira, que está "muito interessado em conhecer mais", ele cita ainda "o fenômeno samizdat", dos jornais clandestinos na antiga União Soviética, para ressaltar por que o papel das revistas de opinião "historicamente é muito importante, crítico".

Conta que sua visão do jornalismo foi influenciada pelo que presenciou nos anos 50, quando "havia uma histeria política geral" nos EUA, com a Comissão de Atividades AntiAmericanas, do senador Joe McCarthy "conduzindo inquéritos em Hollywood, na educação, no Departamento de Estado".

Foi quando Navasky, com colegas da faculdade de direito de Yale, criou a revista satírica "Monocle".

"Foi publicada no final da era macarthista, quando as pessoas ainda se sentiam intimidadas, mas ela fazia piada de todo mundo."

A marca deixada pelo período também resultou em seu livro mais conhecido, "Naming Names" (Viking, 1980) ou dando os nomes, "sobre a lista negra de Hollywood, mas também sobre a atmosfera geral nos Estados Unidos".

Mas Navasky trata de sublinhar que, para ele, não se trata de jornalismo partidário. "Quando dirigia a 'Nation', não pensava nela como publicação socialista, mas como um lugar onde você podia ter um debate fundamental, honesto, sobre questões críticas que não estavam na grande mídia."

PALESTRA, VICTOR NAVASKY
QUANDO terça, às 10h
ONDE ESPM (rua Joaquim Távora, 1.240, São Paulo)

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