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Análise

"Espiral da ruína" esvazia rápida euforia em Madri

PATRICK JENKINS
DO “FINANCIAL TIMES”, EM LONDRES

Se algo serve como um exemplo de euforia passageira, o desempenho excelente dos títulos do governo e das ações dos bancos espanhóis na manhã de ontem merece esse título.

Quando o pregão da tarde se abriu, o efeito positivo da promessa de resgate de € 100 bilhões anunciada no fim de semana havia se dissipado, e o mercado voltou a se sentir pessimista como antes.

Alguns dos motivos eram provavelmente inevitáveis. A incerteza continuada quanto aos termos de resgate, a eleição grega no próximo domingo e o clima sombrio na Europa são parcialmente culpados. Mas o motivo oculto do peso que arrasta ao desânimo o sentimento do mercado espanhol é a continuada recusa das autoridades europeias em reconhecer o vínculo entre o destino do país e o destino de seus bancos.

Em um mercado que funciona normalmente, existe uma relação mutuamente benéfica entre os títulos de dívida nacionais e a demanda por esses títulos por parte dos bancos do país.

Em momentos de crise, porém, a serenidade se torna pecado aos olhos dos mercados. É claro que existem aspectos a elogiar no resgate à Espanha. A União Europeia agiu rapidamente, restaurando a fé na determinação dos líderes quanto a cooperar decisivamente, quando isso for necessário.

A quantia sobre a qual eles chegaram a acordo também está perto do limite mais alto do que os analistas estimam quanto às necessidades de capitalização dos bancos espanhóis para resistir aos possíveis choques de seu passivo imobiliário. Também existe o reconhecimento de que o financiamento ao resgate precisa se restringir à capitalização bancária.

Mas o erro está em não injetar dinheiro nos bancos diretamente, direcionando as verbas via governo espanhol.

Ao fazê-lo, as autoridades europeias estão intensificando a "espiral da ruína", como avalia um analista. A Europa precisa ajudar a Espanha a sair dela antes que seja tarde.

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