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Recessão reaviva medo de que Itália seja a 'bola da vez'

PIB cai pelo 3º trimestre consecutivo, e país é obrigado a pagar juros maiores para conseguir rolar sua dívida

Para alguns analistas, risco é alto, mas outros veem economia italiana em situação melhor do que a da Espanha

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

A divulgação de números que mostram que a economia da Itália continua em recessão disparou no mercado o temor de que o país -a terceira maior economia da zona do euro- seja a "bola da vez" depois do resgate à Espanha no fim de semana.

Segundo os dados divulgados ontem, o PIB italiano, que já vinha se contraindo desde o terceiro trimestre do ano passado, caiu novamente nos primeiros três meses de 2012 -desta vez, 0,8%. Dois trimestres seguidos de recuo no PIB caracterizam recessão.

Com isso, os juros para a rolagem dos títulos da dívida do país subiram, sinal de que os mercados desconfiam que a Itália não terá capacidade de pagamento. Ontem, a taxa para os títulos italianos de dez anos chegou a passar dos 6% pela primeira vez desde junho, mas depois recuou.

Todos os países europeus que precisaram de resgate até agora (Grécia, Irlanda, Portugal e Espanha) pagavam juros acima de 6% sobre seus títulos, taxa considerada insustentável no médio prazo.

Para o economista Raj Badiani, da consultoria IHS Global Insight, os números mais recentes da Itália são "apavorantes". "O risco é alto, e o governo italiano precisa pôr em prática sua agenda de reformas", declarou Badiani à agência Associated Press.

Outros analistas, porém, argumentam que a maioria dos indicadores macroeconômicos da Itália é melhor que os espanhóis -a dívida pública italiana é maior (120% do PIB do país), mas o deficit orçamentário é menor (3,9%, ante 8,5% na Espanha), assim como o desemprego.

Além disso, os bancos da Itália não estão às voltas com uma situação de estouro da bolha do crédito imobiliário -principal razão da crise que engoliu a banca espanhola.

"O problema é a percepção [dos mercados] de que, aonde a Espanha for, a Itália irá atrás. Isso é terrível. É como comparar maçãs com peras", afirma o analista Nicholas Spiro, que considera a situação da economia italiana "infinitamente melhor" hoje.

RISCO DE CONTÁGIO

O próprio primeiro-ministro da Itália, Mario Monti, reconheceu o risco de contágio da situação na Espanha durante uma reunião em Veneza, no fim de semana, para tratar de temas econômicos.

"O risco é permanente, e é por isso que o fortalecimento da eurozona é do interesse coletivo", declarou Monti.

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