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Chávez 'desfila saúde' para se candidatar

Com câncer, venezuelano se inscreve à eleição de outubro após percorrer Caracas em trio elétrico, cercado por multidão

Em alusão aos rumores sobre o agravamento da doença, presidente cita a 'guerra psicológica do adversário' em discurso

Leo Ramirez/France Presse
Hugo Chávez acena para a multidão em caravana ontem em Caracas antes de se candidatar pela quarta vez à Presidência
Hugo Chávez acena para a multidão em caravana ontem em Caracas antes de se candidatar pela quarta vez à Presidência

FLÁVIA MARREIRO
ENVIADA ESPECIAL A CARACAS

A bordo de um pequeno trio elétrico, Hugo Chávez cruzou ontem uma Caracas tomada por centenas de milhares de seguidores para se inscrever pela quarta vez à Presidência da República da Venezuela.

"Comprometo-me ante os venezuelanos e o mundo a reconhecer os resultados divulgados por vocês", disse à cúpula do CNE (Conselho Nacional Eleitoral).

Inchado, mas parecendo bem disposto, Chávez caminhou sem dificuldades e subiu ao palco em frente ao edifício para cantar músicas populares venezuelanas. Cantou também o hino nacional e cancões militares, com voz forte e constante.

Convalescente de um câncer do qual não revela detalhes ou prognóstico, o presidente diz que está "absolutamente bem", embora haja persistentes rumores de que seu estado de saúde é grave.

"Foi um ano difícil. Enfrentamos a guerra psicológica do adversário, que [diz que me] sobram poucos dias de vida, que ando em cadeira em rodas. Graças a Deus, graças, povo meu. Aqui estou", afirmou o presidente, em um discurso que teve duração de cerca de três horas.

O ato teve ares de superprodução, transmitida pela TV estatal, com tomadas simultâneas de diversos pontos da cidade.

Um dia antes, a oposição se esforçou para chamar atenção ao inscrever Henrique Capriles Radonski. Chávez criticou duramente o discurso do adversário a quem chamou de "insípido, inodoro e incolor". "Um chuchu!"

Ao usual exército de apoiadores chavistas vestidos de vermelho, com importante massa de servidores públicos, juntaram-se ônibus vindos do interior.

Um boneco inflável de Chávez enfeitava a esquina de um edifício ao lado do CNE. No meio da multidão, um boneco de madeira articulado unia uma das mãos contra a outra, prometendo nocaute -gesto que Chávez repetiria.

"Chávez está saudável", dizia, espremida contra uma grade, a eleitora Solsiré Gutierrez, 32, após 12 horas de viagem até Caracas. "Foram o PSUV [Partido Socialista Unido da Venezuela] e a PDVSA [estatal do petróleo] que nos convocaram. Recebemos café da manhã, almoço e jantar, mas dinheiro, não."

Disposto a ficar no poder ao menos até 2019, Chávez diz que uma eventual vitória no pleito de 7 de outubro levará seu projeto de implementar "o socialismo do século 21", iniciado em 1998, a "um ponto de sem retorno".

Chávez aparece como favorito contra Capriles em todas as pesquisas. Sem limite para uso da máquina pública, ele não é censurado pelo CNE, que jamais aceitou abrir uma investigação sobre a campanha antecipada ou a utilização política dos meios de comunicação oficiais.

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