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Estudantes buscam 'primavera mexicana'

Movimento vai às ruas contra candidato da situação nas eleições do próximo dia 1º

SYLVIA COLOMBO
DE BUENOS AIRES

Quando tudo parecia definido na eleição mexicana, que será no próximo dia 1º e tem como favorito o candidato do PRI (Partido Revolucionário Institucional), as praças se enchem de estudantes universitários pedindo uma alternativa a essa opção.

"É a primavera mexicana. Estamos nos sentindo como no Maio de 1968. É um movimento objetivo e apartidário. A ideia é reivindicar uma nova democracia", afirma o universitário Gama Luna, de Guadalajara, à Folha.

O movimento #yosoy132 (eu sou 132) nasceu em maio, depois de um protesto de jovens contra o priista Enrique Peña Nieto. O candidato respondeu agressivamente, acusando os manifestantes de não serem estudantes.

O grupo, então, gravou um vídeo em que 131 deles apareciam com suas identificações universitárias, desmentindo Peña Nieto.

Surgiu, então, a convocação via internet para que todos os estudantes do país se transformassem no "aluno número 132".

Começaram a ocorrer passeatas, vigílias e assembleias reunindo representantes de mais de 50 universidades do país. Por enquanto, a participação nesses eventos não é muito volumosa, atraindo de 15 a 45 mil pessoas. Mas especialistas ouvidos pela Folha apontam o forte caráter simbólico das manifestações.

Uma de suas ações foi protestar na frente da Televisa, principal rede de televisão do país, que acusam de favorecer Peña Nieto. Anteontem, assistiram ao debate presidencial no Zócalo, principal praça da cidade.

O movimento se diz apartidário e contra Peña Nieto.

Quem está se beneficiando com isso é a candidatura do esquerdista Andrés Manuel López Obrador (PRD), que vai galgando posições e já se coloca em segundo lugar nas pesquisas, desbancando a candidata da situação, Josefina Vázquez Mota (PAN).

López Obrador foi derrotado na última eleição, de 2006, por Felipe Calderón. Alegou fraude e deu início a um protesto que cortou ruas e avenidas. Neste ano, voltou com uma atitude mais amena, inspirado no brasileiro "Lula paz e amor", em 2002.

Entre as bandeiras do movimento #yosoy132 estão a democratização dos meios de comunicação, o fim da narcoviolência, mais direitos civis e o pedido de um julgamento para Calderón pelos mais de 50 mil mortos na guerra ao crime organizado.

"Estamos descontentes com um processo eleitoral manipulado que pretende restaurar um velho regime", diz manifesto lido na última assembleia, fazendo referência ao fato de o PRI ter governado por mais de 70 anos.

"A chegada desses jovens é um divisor de águas. Menos pelo número de votos, mais pelo gesto. Causa forte impacto na sociedade e uma mudança no padrão de voto",

diz o cientista político Jean-François Prud'Homme, do Colegio de México.

Para o estudioso, o movimento já está alterando o teor do debate eleitoral.

"Há uma proposta de pauta na agenda dos estudantes, e a população vê que isso falta nas campanhas dos candidatos. Com isso, os presidenciáveis têm sentido obrigação de falar sobre os temas que levantam os estudantes", diz.

Pesquisas indicam declínio de Peña Nieto
folha.com/no1103193

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