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Rival de Chávez testa a sua popularidade em comícios

Folha acompanha marcha de Henrique Capriles, candidato à Presidência

Ex-governador do Estado de Miranda deixa de lado tática de visitas porta a porta e aposta em grandes atos

FLÁVIA MARREIRO
ENVIADA ESPECIAL A CUMANÁ (VENEZUELA)

A multidão cerca a van em que está Henrique Capriles Radonski. Seus assessores pedem a toda voz e sem sucesso que se abra espaço.

Minutos de espera, empurra-empurra, e o candidato à Presidência da Venezuela pela oposição põe a cabeça para fora do carro e abre o largo sorriso.

Gritos, com predominância dos agudos, em Cumaná, 400 km a nordeste de Caracas. Estamos em Sucre, o terceiro Estado mais pobre do país. Vai começar uma nova caminhada de Capriles.

VISITAS

Desde o último domingo, quando se inscreveu oficialmente candidato, o oposicionista trocou as visitas casa a casa iniciadas em fevereiro por mobilizações maiores.

Governador do Estado de Miranda, que abarca Caracas -afastado devido à campanha-, ele tenta fazer jus ao seu mote, o de que sua comitiva é o "furacão do progresso". Tenta provar também que sua campanha tem volume e peso, ante ataques de Hugo Chávez, que o chama de "chuchu" e "medíocre".

"Você tirou uma foto mostrando o tanto de gente? No elevado e depois?", pergunta ele ao seu fotógrafo de campanha. "Isso é crucial."

Capriles não caminha, mas marcha e trota, por vezes rodeado de seguranças, até ser cercado de vez pela multidão. Beija no rosto as eleitoras, emocionadas com o solteiro bonito de 39 anos.

Após percorrer 4 km de avenidas estreitas e pobres, com água empoçada da chuva e pequenos comércios, Capriles sobe ao caminhão-palco. O sistema de som é ruim, ele está rouco, mas, mesmo com a chuva, a multidão toma toda a avenida.

DISCURSO

Como no domingo, o discurso não parece ter a força do corpo a corpo. Ele promete progresso e equiparação salarial para servidores -a cidade e o Estado são governados por chavistas.

"Ele não deveria competir com Chávez nesse campo. Deveria fazer algo diferente, chamar seis pessoas ao palco e conversar com elas, aproveitar seus pontos fortes", diz Luiz Vicente León, do instituto Datanálisis.

A eleitora Briseida Ramos, 46, diz que está farta de apagões repentinos de luz -a Venezuela vive um contingenciamento elétrico do qual Caracas foi estrategicamente poupada desde 2010- e da má gestão do governo Chávez.

"Essa cidade e essa região eram chavistas. Eram", enfatiza. A reportagem a desafia a encontrar na multidão um ex-chavista disposto a votar em Capriles.

Os vizinhos se entreolham, avistam uma camisa vermelha, a de Irlany Velásquez, 25.

"Não sou ex-chavista. Sou chavista. É que eu moro nessa rua", diz, para justificar sua presença.

Velásquez conta que o governo lhe deu "emprego, casa e escola para a filha". Ela é beneficiária, há seis meses, do programa social que é carro-chefe da gestão Chávez.

"Mas não voto no governador e no prefeito. Eles não prestam", diz ela. Estrategicamente, Chávez separou as votações para governador e prefeitos, para não ser contaminado pela baixa performance dos governos locais.

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