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Gregos votam no futuro do país e do euro

Após fracasso na tentativa de formar governo, nova eleição pode definir hoje o rumo do programa de austeridade

Syriza, coalizão de esquerda, ameaça descumprir tratos, o que pode levar à saída dos gregos da eurozona

RODRIGO RUSSO
ENVIADO ESPECIAL A ATENAS

A Grécia promove hoje eleições parlamentares decisivas não apenas para o futuro do país, mas também para o futuro da zona do euro.

Em maio, a eleição para formação do Parlamento e as subsequentes negociações entre os principais partidos do país foram incapazes de produzir um governo de coalizão, o que resultou na convocação do novo pleito.

Embora nada impeça que haja mais um impasse nas eleições de hoje, o que forçaria a convocação de uma terceira votação, o professor Spyros Economides, do Observatório Helênico da London School of Economics, diz à Folha que há consenso, inclusive entre os líderes partidários, de que um governo precisa ser formado desta vez.

"O país não pode arcar com as consequências de uma nova eleição", avalia Economides, para quem a votação é principalmente sobre a manutenção da Grécia no euro.

No fim do ano passado, o governo do socialista George Papandreou caiu após pressões das autoridades europeias, insatisfeitas com sua decisão de convocar consulta popular sobre o pacote de austeridade imposto ao país em troca de um empréstimo de cerca de € 130 bilhões.

Na prática, essa consulta ocorrerá na eleição de hoje.

Embora haja a proibição da divulgação de pesquisas eleitorais nos 15 dias anteriores à votação, tudo indica a polarização entre os partidos Nova Democracia, de centro-direita e favorável ao acordo de resgate, e Syriza (coalizão da esquerda), que pretende cancelar o pacote de austeridade caso seja eleito.

O líder do Syriza, Alexis Tsipras, 37, afirma que é possível romper o acordo com as autoridades europeias e mesmo assim continuar na zona do euro. O professor Economides, contudo, avalia que o partido está comprometido com "políticas totalmente incompatíveis com o euro".

Antonis Samaras, 61, líder do Nova Democracia, apela à permanência na zona do euro, mas promete a seu eleitorado pequenos ajustes no programa de austeridade.

COALIZÃO

Segundo a legislação eleitoral grega, o partido mais votado tem direito a 50 cadeiras adicionais no Parlamento, que conta com 300 vagas.

Na eleição de maio, o Nova Democracia foi o partido mais votado, com quase 19% da preferência do eleitorado. Mesmo assim, ficou longe de obter os 151 parlamentares necessários para indicar sozinho o primeiro-ministro do país: conquistou 108 vagas.

O Syriza, com cerca de 17% dos votos, obteve 52 cadeiras.

Dessa maneira, torna-se fundamental contar com o apoio dos demais partidos para uma provável coalizão, especialmente do socialista Pasok, que terminou em terceiro lugar em maio, com 13% dos votos e 41 cadeiras.

Antes os dois maiores partidos do país, Nova Democracia e Pasok não conseguiram juntos obter a maioria necessária à formação do governo.

As outras legendas que conquistaram vagas no Parlamento grego são Gregos Independentes, de direita, com 10% dos votos, o Partido Comunista, com 8%, a Esquerda Democrática, com 6%, e o polêmico Aurora Dourada.

A legenda neonazista conquistou pela primeira vez o direito a ter representação parlamentar, com 7% dos votos, mas deve ser evitada nas negociações para uma coalizão, como em maio.

Na Grécia, o voto é obrigatório, mas não há sanções para quem não for às urnas.

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