Índice geral Mundo
Mundo
Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Governo é incerto após eleição na Grécia

Nova Democracia, pró-pacote de austeridade, vence, mas não obtém maioria que dá direito de indicar o premiê

Diálogo para coalizão ameaça derivar em impasse; 3º colocado quer incluir esquerda radical, que se nega

John Kolesidis/Reuters
O líder do partido Nova Democracia, Antonis Samaras, cumprimenta eleitores em Atenas, após discursar para apoiadores
O líder do partido Nova Democracia, Antonis Samaras, cumprimenta eleitores em Atenas, após discursar para apoiadores

RODRIGO RUSSO
ENVIADO ESPECIAL A ATENAS

O partido conservador Nova Democracia, favorável, ainda que com ajustes, ao pacote de austeridade imposto à Grécia pela União Europeia, venceu as eleições parlamentares de ontem no país.

Mas a formação de um novo governo que aceite o pacote, crucial para o país manter-se na zona do euro, ainda é incerta. A sigla terá de negociar a formação de uma coalizão com outras legendas.

Com 97% dos votos apurados, o Nova Democracia tinha 29,7% e 129 cadeiras no Parlamento, menos do que as 151 que garantem a maioria.

De acordo com a legislação grega, a sigla mais votada tem direito a 50 vagas adicionais às que obteve na votação proporcional.

Antonis Samaras, 61, líder do partido e primeiro-ministro se houver acordo, declarou, após a eleição, que o resultado foi "uma vitória para toda a Europa".

O Syriza (Coalizão da Esquerda Radical), que conquistou um inédito segundo lugar com um discurso contrário ao pacote de socorro, deverá ter 71 parlamentares.

O terceiro lugar coube ao socialista Pasok, que, com 33 cadeiras, terá papel decisivo na formação de uma coalizão.

Ao lado do Nova Democracia, o Pasok constituiu a base do governo interino do ex-primeiro-ministro Lucas Papademos, período em que foi acertado o segundo pacote de socorro ao país.

Apesar disso, dirigentes do Pasok declararam ontem à noite que só aceitariam participar de uma coalizão que contasse com a participação do Syriza e do partido Esquerda Democrática, que obteve 6,2% dos votos e 17 representantes no Parlamento.

A tarefa é inviável: o líder do Syriza, Alexis Tsipras, 37, anunciou que seu partido fará oposição às políticas de austeridade. As autoridades europeias temiam uma vitória do Syriza na votação, pois isso poria em risco a permanência da Grécia no euro.

Assim, Samaras terá de convencer os socialistas a formar com ele um governo.

Os europeus pressionam para que isso ocorra rapidamente. Ontem, os países que adotam a moeda única pediram em nota a rápida formação de um governo.

Além disso, acenam com recompensas se isso ocorrer. O ministro alemão das Relações Exteriores, Guido Westerwelle, afirmou que o país está disposto a dilatar prazos para implementação de medidas de austeridade na Grécia -o que atende ao pedido de Samaras de mudanças nas condições do pacote.

A Alemanha havia sido inflexível em suas exigências na negociação de empréstimo à Grécia no início do ano.

O principal incidente da eleição foi o lançamento de duas granadas, que não explodiram, contra o prédio da rede de TV "Skai" e do jornal "Kathimerini" em Atenas.

Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.