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Paciência com Cristina tem limite, diz prefeito de Buenos Aires

Direitista Mauricio Macri aposta em insatisfação de argentinos com economia para chegar à Casa Rosada em 2015

SYLVIA COLOMBO
DE BUENOS AIRES

"Panelaços" da classe média, greve no campo e suspensão de jornadas por parte de sindicatos. Para o empresário e prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri, 53, são sinais de que a paciência da sociedade com relação às políticas do governo nacional ultrapassaram um limite.

"Estamos mal economicamente por conta de decisões internas, não em decorrência de uma crise internacional", disse Macri, em entrevista à Folha e ao "Valor".

Pré-candidato à Presidência em 2015, o ex-presidente do Boca Juniors tenta suavizar sua imagem. Político de direita, sempre associado ao ex-presidente Carlos Menem (1989-1999), cujo nome hoje é quase um palavrão na Argentina, ele diz querer ser identificado como opção pró-diálogo e conciliadora.

Com essa mudança, pretende ganhar o voto do eleitorado mais progressista, que o rechaça abertamente. "Os tempos pedem lideranças humildes, não que digam ao povo como deve comprar coisas, economizar e viajar", disse, referindo-se às restrições do governo Cristina Kirchner à compra de dólares.

"A 'pesificação' da economia é um mito enquanto houver inflação alta. Esse índice de inflação hoje é uma extorsão ao bolso dos argentinos."

Segundo o órgão oficial do governo, o Indec, a taxa de inflação no país é de 9%, enquanto consultoras privadas apontam para 25%.

Macri foi prefeito de Buenos Aires entre 2007 e 2011, sendo reeleito no ano passado com 64% dos votos. Nas duas eleições presidenciais passadas, cogitou participar, mas desistiu na última hora.

EXPERIÊNCIA

"Faltava experiência na administração e montar uma boa base nacional. Agora acho que tenho isso e estou pronto", diz. Criticou a "guerra de egos" da oposição argentina que, segundo ele, favoreceu a reeleição de Cristina com 54%, em outubro.

O partido de Macri, o PRO (Proposta Republicana), é forte na capital, mas não alcançou projeção nacional. Ele aposta na eleição legislativa de 2013 para aumentar a base de apoio do partido. Seu principal desafio é entrar na periferia de Buenos Aires, que detém 40% do eleitorado do país e é dominada pelo governador kirchnerista Daniel Scioli -também pré-candidato a presidente.

O PRO foi o único partido a votar contra o projeto de Cristina de expropriar 51% da petrolífera YPF. "Fomos coerentes com o que pensamos e tivemos coragem. Hoje vejo que estávamos certos. A expropriação fez cair o nível de investimento externo na Argentina e não elevou a capacidade de produção da YPF."

Porém, Macri não pretende reprivatizar a empresa caso chegue à Casa Rosada. "O mal já está feito, agora é preciso fazer a YPF prosperar."

Embora venha da direita, Macri diz que seus políticos brasileiros preferidos são Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma. "São modernos, abertos, tolerantes, prezam a independência dos poderes."

Diz achar a relação entre Argentina e Brasil hoje "débil e conflituosa".

A partir de hoje, Macri participa no Rio de encontro internacional de prefeitos, no âmbito da Rio+20. Falará sobre economia verde e erradicação da pobreza numa mesa com Gilberto Kassab, prefeito de São Paulo.

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