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Após forte expansão no ano passado, país deve registrar retração do PIB

DE BUENOS AIRES
DE SÃO PAULO

A economia paraguaia, muito dependente de commodities como a soja, dificilmente escapará da retração neste ano.

O FMI prevê que o PIB encolherá 1,5%, depois de crescer 3,8% no ano passado. Em 2010, o Paraguai teve expansão de 15%, mas é preciso ver esse resultado com cautela, já que no ano anterior houve retração de 3,8%.

Grande parte dos problemas passa pelo campo. A seca afetou a produção de soja, e casos de febre aftosa prejudicaram a venda de carne para o mercado externo.

Para analistas ouvidos pela Folha, a crise paraguaia é essencialmente política e não há consenso sobre os efeitos na economia local.

"Somos um país estável economicamente. As pessoas continuaram trabalhando, não creio num impacto muito grande", disse o cientista político Francisco Capli.

Já o ex-ministro da Economia Cesar Barreto foi mais pessimista. "Vamos ter de pagar o custo desse episódio por dez anos, apesar de termos uma posição atual sólida, devido aos últimos oito anos de crescimento."

Para Capli, diretor da First Analisis y Estudios, a queda de Lugo está diretamente relacionada com suas opções de alianças políticas e as substituições que fez recentemente, depois do conflito que deixou 17 mortos.

Lugo se aliou aos liberais para eleger-se, em 2008, mas vinha tomando decisões sem a participação do partido.

Nos últimos tempos, o presidente passou a buscar apoio de políticos de esquerda e do partido Colorado, ao qual sempre se opôs.

Entre eles, de líderes como Lilian Samaniego e Víctor Bogado, nomes que se opõem à candidatura do influente empresário Horacio Cartes, que pretende disputar as eleições de 2013 pelos colorados.

Após as mortes no campo, Lugo substituiu o ministro do Interior por um nome colorado, sem consultar os liberais, que então começaram a gestar a saída do presidente.

Para Capli, não haverá um levante popular. "Os camponeses estão divididos, e as pessoas nas cidades estão contra Lugo, com muita propaganda contra por meio dos veículos de comunicação, não creio que exista uma oposição mais violenta à decisão do Congresso."

Já o ex-embaixador do Brasil em Buenos Aires José Botafogo Gonçalves vê a instabilidade como marca do Paraguai. "Sempre há inconformados e a situação política nunca foi muito tranquila." (SYLVIA COLOMBO E NELSON BARROS NETO)

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