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Brasil e vizinhos vão suspender Paraguai de Unasul e Mercosul

Reação dos países à destituição de Fernando Lugo visa desencorajar processos similares em parceiros da região

Chamado para consultas, o embaixador do Brasil em Assunção pode ficar em Brasília até o fim da gestão Federico Franco

NATUZA NERY
JÚLIA BORBA
DE BRASÍLIA

O Brasil e as demais nações da América do Sul decidiram suspender o Paraguai do Mercosul e da Unasul até as eleições presidenciais previstas para abril do ano que vem. Em comunicado ontem à noite, a Chancelaria da Argentina confirmou a suspensão.

A ideia, costurada no fim de semana, é uma resposta ao impeachment-relâmpago do presidente Fernando Lugo, na sexta passada. Os vizinhos querem desencorajar ações similares na região.

Em reunião com ministros anteontem, a presidente Dilma Rousseff foi informada sobre rumores de que Federico Franco -o vice que se tornou mandatário em 30 horas- pretende antecipar as eleições de 2013 para este ano.

Convocado para consultas pelo Itamaraty -sinal diplomático de reprovação- o embaixador do Brasil em Assunção, Eduardo dos Santos, pode permanecer em Brasília até o fim da gestão Franco.

Não se sabe qual efeito terá o isolamento paraguaio do Mercosul e da Unasul (União de Nações Sul-Americanas). Espera-se que a suspensão pressione o atual governo.

Nos bastidores, quase ninguém crê em reversão do quadro paraguaio. Para ministros e a própria Dilma, Lugo não buscou nem conseguiu mobilizar a população -na reunião, ele foi comparado a Manuel Zelaya, presidente hondurenho deposto em 2009, que resistiu por meses.

O encontro que decidirá o destino imediato do Paraguai está marcado para a próxima sexta, durante reunião do Mercosul, na Argentina. O novo governo paraguaio deve ficar de fora, mas Lugo afirmou que participará do evento.

As relações comerciais com o Paraguai são tradicionalmente favoráveis ao Brasil. Por conta do Mercosul, porém, o fluxo comercial se acelerou. Em 2011, as transações entre os dois países bateram recorde (US$ 3,684 bilhões).

Apesar do desejo de Dilma de desencorajar outros países a seguir o caminho do Paraguai, não há no governo brasileiro nenhuma vontade de retaliar sozinho o governo Franco. Por ordem do Planalto, o Brasil só adotará decisões coletivas e no âmbito de organismos multilaterais.

PUNIÇÃO VENEZUELANA

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, suspendeu o envio de petróleo da estatal PDVSA, na primeira sanção econômica a Franco, e decidiu retirar seu embaixador de Assunção, medida também tomada pelo Equador. Chile e Peru convocaram seus embaixadores para consultas.

Com agências de notícias

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