Índice geral Mundo
Mundo
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Merkel cede, e fundo irrigará os bancos

Após pressão de Itália e Espanha, líderes europeus concordam em utilizar mecanismo anticrise para comprar títulos

Desta vez, países que receberem auxílio não precisarão adotar novas medidas de austeridade como contrapartida

RODRIGO RUSSO
ENVIADO ESPECIAL A BRUXELAS

Os 17 integrantes da zona do euro definiram, na madrugada de ontem, que os fundos europeus de ajuda a países em crise poderão ser usados para recapitalização direta de bancos e para a compra de títulos de dívida pública de nações em dificuldades.

A compra desses títulos, conduzida pelo Banco Central Europeu (BCE), é importante para valorizá-los, derrubando juros em países em crise como Itália e Espanha.

O acordo sobre esses temas é uma rara concessão da Alemanha, que até então se opunha a tais alternativas.

O receio dos alemães era esvaziar fundos (com capacidade de € 750 bilhões) criados para socorrer países, e não instituições financeiras.

Além disso, se o dinheiro for direto para o sistema bancário, perde-se a oportunidade de pedir de medidas de austeridade aos países.

Será implantado um sistema único de supervisão bancária para toda a zona do euro. Garante-se, dessa maneira, maior controle sobre as instituições financeiras.

Espera-se que todas as propostas sejam postas em prática até o fim deste ano.

Na noite de anteontem, os países tinham concordado em um pacote de estímulo de € 120 bilhões em projetos e fundos estruturais.

O resultado das negociações é uma vitória para Itália e Espanha, que obstruíram as discussões sobre o pacote até que fosse estabelecida uma forma de resolver seus problemas no curto prazo.

Isso só foi possível graças ao apoio do governo francês, desde maio liderado pelo socialista François Hollande. Após o encontro, Hollande afirmou: "França e Alemanha não chegaram com uma solução, como no passado. Desta vez, França e Alemanha, junto dos outros países, chegaram a um acordo".

ALIANÇA

O presidente se referiu à aliança entre a chanceler alemã, Angela Merkel, e o ex-presidente da França Nicolas Sarkozy, que atuava sempre a favor da imposição de medidas de austeridade.

Os mercados deram sinais de satisfação com os avanços obtidos pelo encontro europeu. As Bolsas operaram em alta e os juros exigidos pelos títulos de dívida pública da Espanha e da Itália caíram.

Uma das medidas que ampliam a confiança dos investidores para comprar papéis desses países é a confirmação de que os títulos que forem adquiridos pelo BCE não terão nenhuma prioridade de ressarcimento em caso de calote em relação aos que já estão no mercado.

Além disso, em operações do banco central para compra de títulos de países em crise, não será preciso acertar medidas de austeridade como as impostas à Grécia.

As condições serão mais suaves, mas não foram detalhadas. Por conta das novas regras, o plano de resgate à Espanha será reestruturado.

O país começará a receber recursos da forma tradicional, com o governo como responsável pelo pagamento do empréstimo, mas, quando as medidas estiverem em vigor, a verba será transferida de forma direta aos bancos sem passar pelo Tesouro.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.