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Potências defendem transição na Síria

Em reunião na ONU, países propõem governo de transição como saída para o conflito que dura mais de 15 meses

Apesar de consenso geral, os EUA e a Rússia se desentenderam sobre qual será o destino do ditador Bashar al Assad

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

As grandes potências chegaram ontem a um acordo de que a saída para o conflito na Síria deve ser um governo de transição. O consenso só veio depois dos EUA cederem à pressão da Rússia e retirarem do documento a proibição à participação do ditador sírio Bashar al Assad, cujo papel no processo ficou incerto.

A proposta apresentada pela ONU estabelece que o novo governo seja formado por "consenso mútuo", tanto o regime quanto os rebeldes poderão vetar os nomes indicados.

Sugere ainda que o gabinete supervisione a elaboração de uma nova constituição e organize eleições livres.

O documento foi assinado por chanceleres das cinco potências do Conselho de Segurança da ONU (EUA, Rússia, China, Reino Unido e França), além de Turquia, Kuwait, Qatar, Liga Árabe e União Europeia. A Síria não participou.

Ele não deixa claro quais serão os próximos passos para a proposta, mas já se questiona as chances de sucesso.

A oposição síria rejeitou o plano. Rami Abdul-Rahman, diretor do Observatório Sírio de Direitos Humanos, disse que não haverá acordo com Assad no poder.

O regime sírio não comentou, mas já declarou inúmeras vezes que não aceitará interferências externas.

A expectativa dos EUA é de que oferecer uma via negociada encoraje a Rússia a aumentar a pressão sobre o ditador sírio.

O trecho excluído impedia a participação de "qualquer um que possa afetar a credibilidade do plano e prejudicar a estabilidade e a reconciliação". Sem isso, EUA e Rússia não se entenderam sobre o que fazer com Assad.

O chanceler russo, Sergei Lavrov, disse que o ponto central do acordo é que não impõe um processo externo à Síria. "Ele não implicou de forma alguma que Assad deveria renunciar já que não há pré-condições excluindo nenhum grupo".

Já a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, disse que o acordo envia uma mensagem clara a Assad.

"Francamente, os resultados são os mesmos. Ele ainda terá que sair. O que fizemos aqui foi acabar com a ilusão de que ele e aqueles com sangue em suas mãos podem ficar no poder."

Outra aliada síria, a China preferiu evitar falar diretamente do futuro de Assad no poder, mas ressaltou que o governo de transição só pode ser criado pelos próprios sírios e cabe aos países apenas auxiliar no processo.

VIOLÊNCIA

Na Síria, as forças do governo expulsaram ontem os rebeldes de Douma, subúrbio de Damasco, depois de dez dias de bombardeios. A ofensiva forçou os moradores e rebeldes a fugir e matou dezenas, segundo a oposição.

Em Zamalka, outro subúrbio da capital, ativistas disseram que mais de 30 pessoas morreram quando um morteiro atingiu um carro, durante um cortejo fúnebre.

Não há informações sobre o autor do ataque, que elevou o saldo de vítimas do dia a 86.

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