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Venezuela entrou graças a Brasil, diz Uruguai

Governo Dilma nega pressão para ingresso de país caribenho no Mercosul e diz que não houve questionamentos no bloco

Chanceler uruguaio diz que 'última palavra' sobre entrada não foi dita e que acordo será revisado até o dia 31

Leo La Valle/Efe
O chanceler Luis Almagro (à esq.) e o presidente José Mujica em reunião do Mercosul na Argentina
O chanceler Luis Almagro (à esq.) e o presidente José Mujica em reunião do Mercosul na Argentina

DE SÃO PAULO
DE BRASÍLIA

O ministro das Relações Exteriores do Uruguai, Luis Almagro, afirmou que seu país era contrário ao ingresso da Venezuela no Mercosul e que ele só foi aprovado pela intervenção da presidente brasileira, Dilma Rousseff.

Segundo a imprensa uruguaia, não só Almagro como o chanceler brasileiro, Antonio Patriota, se opuseram na reunião da semana passada em Mendoza (Argentina) à entrada da Venezuela. O argentino Héctor Timerman teria defendido a proposta.

O ingresso da Venezuela no bloco foi possível por causa da suspensão do Paraguai -que decretou o impeachment de Fernando Lugo na semana retrasada.

"Isso [entrada da Venezuela] foi resolvido em uma reunião fechada dos presidentes [Dilma, Cristina Kirchner e José Mujica]. Dilma disse que precisava falar politicamente com os outros dois, e os chanceleres saíram da sala. Dessa reunião saiu a decisão", disse o ministro.

"A iniciativa foi mais brasileira, a posição do Brasil foi decisiva nessa história", afirmou Almagro, que disse não saber o que foi negociado.

Patriota disse, via assessoria, que o governo brasileiro foi favorável à entrada da Venezuela durante todo o debate em Mendoza.

Ele ressaltou que o Brasil apenas acatou uma ponderação do Uruguai, expressa na reunião de chanceleres: a de que a decisão do ingresso precisava de um respaldo jurídico sólido, como forma de evitar questionamentos futuros.

Por isso a decisão de Dilma de convocar o advogado-geral da União, Luis Inácio Adams, para a cúpula.

Segundo Patriota, as posições defendidas por chanceleres (na véspera da cúpula) e pelos presidentes(na última sexta) foram consensuais, sem votação. De acordo com ele, nenhum dos países, nem o Uruguai, apresentou questionamentos à entrada do novo sócio permanente.

O assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, disse que não houve pressão do governo. "Isso não corresponde ao estilo da política externa brasileira e menos ainda da presidente Dilma."

O Planalto avaliza a versão de Patriota e diz que as declarações do chanceler uruguaio miravam o "público interno" -ou seja, o Congresso e os setores empresariais do país que não veem a Venezuela de Chávez com bons olhos.

O chanceler uruguaio havia manifestado publicamente antes do encontro ser contra o ingresso da Venezuela enquanto o Paraguai estiver suspenso do bloco -até a eleição presidencial em 2013.

PORTAS FECHADAS

A reunião do Parlamento do Mercosul, em Montevidéu, foi suspensa ontem. A sessão (que discutiria a crise no Paraguai) teve que ser cancelada porque nenhum parlamentar argentino compareceu -é preciso que pelo menos um representante de cada país esteja presente.

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