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Polícia francesa revista casa de Sarkozy

Ex-presidente, agora sem imunidade judicial, é investigado por suposto esquema de caixa 2 para sua campanha

Justiça quer saber se a milionária herdeira da L'Oréal fez as doações ilícitas; advogado diz que ação é "espetáculo"

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Policiais fizeram ontem operação de busca e apreensão na casa e nos escritórios do ex-presidente da França Nicolas Sarkozy em Paris, parte da investigação sobre um suposto esquema de financiamento ilícito de sua campanha de 2007.

É a primeira vez que Sarkozy é alvo direto de uma ação da Justiça no chamado caso Bettencourt, o escândalo envolvendo supostos repasses a seu partido feitos por Lilliane Bettencourt, multimilionária herdeira da gigante do setor de cosméticos L'Oréal.

Sarkozy perdeu a imunidade judicial em 15 de junho, um mês depois de transferir o poder ao socialista François Hollande. Agora ele pode ser processado ou convocado como testemunha pela Justiça.

Foram revistados a casa da mulher de Sarkozy, Carla Bruni, salas na sede de seu ex-birô de advocacia e o novo escritório a que tem direito por ser ex-presidente.

Sarkozy, que nega as acusações, não estava em casa. Segundo seu advogado, Thierry Herzog, ele viajou ao Canadá com a família.

DINHEIRO VIVO

A operação visa reunir documentos que apontem elos entre recursos vindos de contas ligadas a Bettencourt em bancos suíços e a verba da campanha à Presidência francesa de 2007.

Em um dos episódios mais controversos, o ex-gestor da fortuna de Bettencourt, Patrice de Maistre, teria realizado saques em dinheiro de ao menos € 800 mil (R$ 2 milhões) nos meses anteriores à vitória de Sarkozy.

À época, De Maistre tinha relações com o tesoureiro do partido UMP (União por um Movimento Popular) -do qual Sarkozy fazia parte na época-, o ex-ministro do Orçamento, Eric Woerth.

Woerth e outras dez pessoas já foram formalmente acusados pela Justiça no caso. Os investigadores também querem saber se houve encontros entre Sarkozy e a multimilionária Bettencourt -a mulher mais rica da França, de 89 anos, foi declarada incapaz pela Justiça, por sofrer do mal de Alzheimer.

"Levando em conta que há 15 dias foram enviados a esse juiz todos os elementos necessários, essas revistas serão inúteis", disse o advogado, que classificou a ação de "Justiça do espetáculo".

"[Os documentos enviados demonstram] a impossibilidade absoluta desses supostos 'encontros secretos' com Liliane Bettencourt."

O escândalo trouxe à tona também debate sobre a liberdade de imprensa na França.

O jornal "Le Monde" fez uma queixa acusando o escritório de Sarkozy de usar serviços de inteligência para identificar uma fonte que passou informações do caso.

O ex-presidente ainda é acusado de ter recebido contribuição de campanha do então ditador líbio, Muammar Gaddafi. Não há investigação em curso sobre o tema.

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