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Cristina age no Mercosul por razão interna Oposição aposta na crescente insatisfação com Casa Rosada para ganhar terreno no Congresso SYLVIA COLOMBODE BUENOS AIRES A presidente argentina, Cristina Kirchner, foi a primeira líder do Mercosul a se pronunciar enfaticamente contra o que considerou um "golpe", no Paraguai, após a queda de Fernando Lugo. Retirou o embaixador no Paraguai e não reconheceu o governo, além de pedir a suspensão do país do bloco. Para analistas ouvidos pela Folha, o comportamento argentino durante a mais grave crise do Mercosul em seus 21 anos de existência foi pautado por uma agenda política, não econômica. As razões apontadas são duas: a busca de protagonismo regional e a necessidade de enviar uma mensagem interna a forças de oposição. "A super-atuação tem a ver com querer aproveitar o momento para se mostrar como líder na região, e para deixar claro que a afinidade da Argentina com o Brasil é muito grande nesse momento", disse à Folha Jorge Campbell, ex-secretário de Relações Econômicas Internacionais da Argentina. Além disso, ele considera que a pressão para que a Venezuela entre para o grupo sempre foi mais exercida pela Argentina. "É uma relação pautada pela afinidade ideológica que está aí desde a gestão de Néstor Kirchner." Porém, a explicação mais recorrente é a de que Cristina quer usar o exemplo paraguaio para defender-se da escalada de manifestações contra seu governo. Apesar de manter a popularidade em alta e de ainda colher frutos da boa taxa de crescimento econômico dos últimos anos (em 2011, o país cresceu 7,5%), Cristina enfrenta uma série de protestos. Primeiro, foram os panelaços da classe média, revoltada com as medidas de restrição à compra de dólar e com a corrupção. Depois, a greve dos ruralistas contra aumento de impostos. Por fim, o enfrentamento dos caminhoneiros, que promoveram duas greves de combustíveis. "O movimento dos caminhoneiros é o primeiro confronto sério que enfrenta a nova gestão de Cristina. Expõe uma crise de governabilidade, uma vez que há um vazio político criado pela sua centralização de poder", disse o analista Jorge Castro. MACRI A oposição aposta na crescente insatisfação social e na degradação da situação econômica para ganhar posições. "Cristina não poderá manter a popularidade com o cansaço social crescente. Isso vai se refletir nas urnas e num novo Congresso, que será mais combativo", disse à Folha Maurício Macri (PRO), prefeito de Buenos Aires e principal líder opositor. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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