Índice geral Mundo
Mundo
Texto Anterior | Índice | Comunicar Erros

Sudão do Sul completa 1 ano em meio ao caos

Assolado por fome e doença, país mais pobre do mundo vive crise humanitária, diz ONG

Shannon Jensen/Associated Press
Com bandeira do país, homem se prepara para festejos com dança
Com bandeira do país, homem se prepara para festejos com dança

CAROLINA MONTENEGRO
DE SÃO PAULO

A euforia deu lugar ao desalento no Sudão do Sul. O mais novo país do mundo completou ontem um ano de independência, em meio a crises diversas. Multiplicam-se disputas de fronteira, violência interna, suspensão da produção petrolífera e crises humanitárias.

"Há otimismo e as pessoas, em geral, continuam se orgulhando da separação do Sudão. O aniversário é só uma data, mas os desafios para o novo país realmente são gigantescos", afirmou à Folha Jane Some, analista da missão da ONU no Sudão do Sul.

O país -surgido em 9 de julho de 2011, após acordo e referendo que encerraram décadas de guerra com o vizinho Sudão- nasceu como o mais pobre do mundo. Cerca de 75% dos adultos são analfabetos. Estradas são raras. Só 150 km têm asfalto. Na capital, Juba, a eletricidade vem de geradores particulares: não há rede elétrica pública nem rede de esgoto.

Nos poucos hospitais, faltam médicos, equipamentos e camas. Muitos pacientes ficam deitados no chão.

Estatísticas mostram que uma sul-sudanesa tem mais possibilidade de morrer no parto do que de chegar à universidade.

POUCOS MÉDICOS

Segundo o Ministério da Saúde do Sudão do Sul, no país há 120 médicos locais e cem enfermeiros para atender a uma população de quase 9 milhões de pessoas. No vizinho Quênia, por exemplo, há 14 médicos por 100 mil habitantes, de acordo com a Organização Mundial da Saúde.

Pululam doenças e epidemias. Malária, meningite, febre amarela, cólera e diarreia são endêmicas em muitas áreas e matam milhares.

"Há uma crise humanitária na fronteira com o Sudão. Um dos maiores problemas que enfrentamos é a falta de água. A maior parte dos casos que atendemos são de diarreia e desnutrição", conta à Folha José Hulsenbek, chefe de operações da organização humanitária MSF (Médicos sem Fronteiras).

Segundo o Acnur (agência da ONU para refugiados), em junho, o campo de Yida abrigava mais de 40 mil pessoas. Mais de 400 pessoas chegam ao lugar por dia -são refugiados fugindo da fome e dos conflitos na fronteira.

Texto Anterior | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.