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China vê seu comércio exterior desacelerar

Alta das importações em junho foi metade da registrada em maio; freada afeta parceiros comerciais como o Brasil

Dado aumenta temor de que o PIB cresça ainda menos que o previsto; preços de petróleo e Bolsas registram queda

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O comércio exterior da China, a segunda maior economia do mundo, cresceu menos que o previsto, derrubando Bolsas, lançando prognóstico sombrio sobre o PIB e alimentando o temor de que a economia global, já às voltas com a crise europeia, seja puxada ainda mais para baixo.

A queda da demanda chinesa pode afetar diretamente economias como a do Brasil, que tem hoje na China o seu principal parceiro comercial e exporta para o país asiático principalmente commodities como minério de ferro.

Dados divulgados ontem pelo governo chinês mostram que, em junho, o crescimento das importações se reduziu à metade, para 6,3%. A alta das exportações, de 11,3%, também foi menor que a verificada em maio (15,3%).

"A freada nas importações foi maior do que esperávamos", avaliou Alaistair Chan, economista da consultoria Moody's Analytics. "Também está claro que, durante algum tempo, as exportações não conseguirão dar grande impulso à economia chinesa."

Números do primeiro semestre mostram que o maior recuo nas exportações da China foi justamente para os países europeus mais afetados pela crise -as vendas à Itália, por exemplo, desabaram 24,2% (veja quadro ao lado).

As importações do Brasil, por sua vez, cresceram 15,2% no mesmo período -mas há o medo de que a demanda pare de subir devido ao fim do boom de construção na China, que exigia matérias-primas como o minério de ferro.

A decepção com a divulgação dos dados chineses causou redução nos preços do petróleo -a China é o maior consumidor de energia do planeta- e queda nas Bolsas asiáticas. No Brasil, a Bovespa caiu 3%, puxada por grandes vendedoras de commodities como Vale e Petrobras.

EXPECTATIVA DO PIB

O crescimento econômico chinês está hoje nos menores níveis desde a crise de 2008.

Nos primeiros três meses de 2012, o PIB do país subiu 8,1%. Economistas preveem que os números do segundo trimestre -que devem ser divulgados ainda nesta semana- mostrem uma alta ainda menor, em torno de 7%.

"Nossa expectativa é que a China faça um 'pouso suave', mas, se a queda for mais forte, isso se refletirá imediatamente em toda a Ásia", diz Rajiv Biswas, da consultoria IHS Global Insight. Embora se considere que os EUA, ainda o maior PIB do mundo, estão menos expostos a uma freada chinesa, também eles sofrerão com seus efeitos.

Após um crescimento que chegou a 14% em 2007 (antes da crise), caiu para a casa dos 9% em 2009 e retornou aos dois dígitos em 2010 (10,4%), Pequim passou dois anos adotando medidas que visavam conter superaquecimento econômico e inflação.

O governo chinês foi obrigado a inverter o curso neste ano, com a queda da demanda global, e acabou de fazer dois cortes na sua taxa de juros, para tentar estimular o crédito e o consumo internos.

Em encontro com economistas, o premiê Wen Jiabao declarou que estabilizar o crescimento da China é uma "tarefa urgente no curto prazo e árdua no longo prazo".

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