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Espanha eleva impostos e corta gastos

Pacote de ajustes visa economizar € 65 bilhões em dois anos e meio; país negociou com Europa socorro de até € 100 bi

Houve conflito entre polícia e manifestantes, com 76 feridos; premiê lembrou que prometera diminuir os impostos

DE LONDRES

O governo espanhol anunciou ontem um pacote de austeridade de € 65 bilhões (R$ 161,9 bilhões), definido pelo jornal "El País" como o maior ajuste já promovido em um regime democrático no país.

As medidas foram anunciadas pelo premiê conservador Mariano Rajoy e incluem o aumento de impostos sobre bens e serviços e cortes de gastos públicos nos próximos dois anos e meio.

Logo após o anúncio dos cortes, ocorreu um protesto promovido por mineradores na capital, Madri, contra as medidas, especialmente um corte nos subsídios ao carvão. Houve conflito com a polícia e ao menos 76 pessoas ficaram feridas.

Com uma economia novamente em recessão (dois trimestres seguidos de contração do Produto Interno Bruto), a Espanha negociou com as autoridades europeias, nesta semana, um ano a mais para chegar ao deficit público de 3% do PIB, o que deve acontecer em 2014.

No ano passado, o país teve deficit público acima de 8% do PIB; para este ano, a nova meta acertada com as autoridades europeias é de 6,3% do PIB.

Para cumprir o objetivo em 2014, o governo se comprometeu a tomar medidas de austeridade adicionais às reformas já implementadas -o que Rajoy rapidamente anunciou ao Parlamento ontem.

A alíquota do imposto sobre valor agregado subirá de 18% para 21%. Além disso, estuda-se uma reformulação tributária no setor de eletricidade, hoje deficitário, e os benefícios para desempregados serão reduzidos.

O país tem a maior taxa de desemprego da zona do euro: no mês de abril, chegou a 24,3% da população economicamente ativa. Entre os jovens de 18 a 25 anos, o índice sobe para mais de 50%.

"Sei que as medidas que anunciei não são agradáveis, mas são necessárias", justificou-se o premiê.

Quando estava na oposição ao governo do socialista José Luis Rodríguez Zapatero, o seu partido se mostrava contrário ao aumento de impostos. "Disse que reduziria impostos e estou aumentando... as circunstâncias mudaram, e tive de me adaptar a elas", afirmou Rajoy.

A privatização de aeroportos e ferrovias do país também não está descartada. Os bônus de Natal pagos a funcionários públicos serão cancelados, e prefeitos terão seus salários reduzidos.

Além disso, o financiamento público destinado a sindicatos e partidos políticos terá redução de 20%, e deduções fiscais sobre a compra de imóveis serão revogadas.

A Espanha finaliza os termos de um pacote de socorro a seu setor bancário com as autoridades europeias, que pode chegar ao valor de € 100 bilhões. Enquanto isso, sofre com a descrença dos mercados na recuperação do país -os juros exigidos para a compra de títulos de sua dívida pública estão em alta. (RODRIGO RUSSO)

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