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Argentina reclama de barreiras na OMC

Protesto foi contra travas impostas pelos Estados Unidos e pelo Japão à importação de produtos como carne

Medida é contra-ataque feito pela Casa Rosada à denúncia que sofreu de 40 países de adoção de práticas protecionistas

SYLVIA COLOMBO
DE BUENOS AIRES

A Argentina apresentou ao comitê sanitário da OMC (Organização Mundial do Comércio) uma reclamação pelas barreiras impostas pelos Estados Unidos e pelo Japão a alguns de seus produtos, como carne e limão.

A ação é uma contraofensiva direcionada aos 40 países que apresentaram uma denúncia contra o país sul-americano pelas barreiras protecionistas que vem adotando de forma mais intensa nos últimos seis meses.

Bastante criticadas pelos parceiros comerciais da Argentina, as travas são parte de uma política do governo de Cristina Kirchner que visa impedir a saída de dólares -no ano passado, a fuga de capitais da economia argentina foi de US$ 20 bilhões.

Entre suas consequências está a queda no comércio exterior, o que afeta especialmente o Brasil.

As exportações brasileiras para a Argentina caíram 16% no primeiro semestre, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

Também a exportação da Argentina para o Brasil retrocedeu: queda de 5%.

"Há uma desaceleração do comércio que está relacionada às travas, mas também há uma desaceleração da atividade relacionada à crise mundial. Na Argentina, torna-se mais grave, porque o governo está optando por uma política inflacionária que evita a fuga de capitais, mas prejudica a indústria e o comércio exterior", diz o economista Marcelo Elizondo.

AUTOMÓVEIS

O setor automotivo é o mais afetado. A Argentina destina quase 50% de sua produção ao Brasil. Mas a fabricação dos carros está vinculada às autopeças, que, por sua vez, são importadas do Brasil.

Cerca de 60% de cada carro é feito com produtos estrangeiros. Com os componentes parados na alfândega, as fábricas são obrigadas a suspender a produção, como tem acontecido com as montadoras Fiat, de origem italiana, e Renault, de origem francesa.

"A queda dos automóveis puxa tudo para baixo. O mau desempenho da indústria é um dos fortes sinais de que estamos entrando num processo de recessão", diz Milagros Gismondi, da consultoria Orlando Ferreres.

A queda da demanda no Brasil também fez com que a empresa brasileira Alpargatas anunciasse, ontem, o afastamento de 1.700 trabalhadores de sua fábrica da província de Tucumán, por um período de 15 dias.

As exportações representam 20% do PIB argentino, que vem refletindo a crise. De 2003 a 2011, o PIB cresceu a uma média anual de 7,7%. Segundo analistas ouvidos pela Folha, em 2012 o crescimento da economia argentina não passará de 2%.

"As razões são várias. Além da queda do comércio exterior e da atividade industrial, há um esfriamento causado pela crise e pela redução dos investimentos", afirma Elizondo.

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