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Análise Golpe na ditadura de Assad, apesar de duro, está longe de ser fatal SALEM H. NASSERESPECIAL PARA A FOLHA Um golpe no coração do regime: é assim que imediatamente se apresenta o atentado na Síria. Não se sabe ao certo como foi desferido. Seja como for, há apostas seguras sobre o que resultará dele, e a mais importante é que a violência vai se intensificar. Por um lado, assim como o reconhecimento de que uma guerra civil se instalava e, portanto, a violência tinha dois lados permitiu ao regime uso mais indiscriminado da força, este último golpe tenderá a alimentar esse senso de violência justificada. Por outro, na medida em que esse golpe será percebido pela insurgência como vitória importante e sinal de iminência da queda do regime, servirá para alimentar sua disposição de combate. Por trás desse cenário interno, com dois lados dispostos a uma luta sangrenta e duradoura, há um pano de fundo em que rivalidades regionais e globais reforçam a dinâmica de conflito aberto. Já não é segredo que a insurgência é armada e apoiada por atores regionais, com o beneplácito ou a participação ativa do Ocidente, assim como está clara a importância que tem para o regime o apoio de alguns países. Assim, o que se costuma chamar de comunidade internacional alimenta efetivamente uma guerra civil em que o espírito que animava as revoltas árabes, a vontade de autonomia e liberdade, aos poucos se afoga e se dilui. Esses braços externos, que hoje têm por campo de batalha o Conselho de Segurança, só deixarão de alimentar o conflito quando o custo político ou os riscos aos próprios interesses forem muito altos. Quando esse dia chegar, e algum compromisso for tentado, restará saber se isso bastará para apagar o fogo. SALEM H. NASSER é coordenador do Centro de Direito Global da Faculdade de Direito da Fundação Getulio Vargas. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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