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Assad aparece, e regime promete reagir

Ditador empossa substituto de um dos três mortos no atentado de anteontem; Rússia e China voltam a vetar sanções na ONU

Para os EUA, Conselho de Segurança 'fracassou totalmente'; confrontos na capital, Damasco, entraram no quinto dia

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O ditador da Síria, Bashar Assad, apareceu na TV pela primeira vez depois do atentado que matou três membros do alto escalão de seu regime, numa tentativa de dissipar os rumores de que teria saído de Damasco e ido para Latakia, no nordeste do país.

A TV estatal mostrou Assad dando posse ao general Fahd al Freij, novo ministro da Defesa, que prometeu continuar lutando contra os "terroristas". O anterior, Daud Rajiha, foi um dos mortos no ataque de anteontem ao Departamento de Segurança Nacional, no centro da capital.

O regime de Assad atribui ao terrorismo a culpa pela violência desde o início da revolta na Síria -que matou ao menos 15 mil desde março de 2011, segundo estima a ONU. Especula-se que a explosão de anteontem tenha sido obra de homem-bomba que fazia a segurança de oficiais sírios.

CONFLITO NA CAPITAL

Enquanto na ONU Rússia e China vetavam mais uma resolução com sanções aos sírios, o conflito em Damasco entrou no seu quinto dia. Forças de segurança usaram helicópteros e artilharia contra rebeldes, de acordo com relatos dos moradores, e os confrontos se aproximaram da área do palácio presidencial.

Testemunhas disseram ter visto explosões nas zonas sul e nordeste de Damasco e cadáveres pelas ruas. Segundo uma delas, insurgentes atacaram também o QG da polícia. Casas e lojas foram fechadas por medo da violência.

Pessoas em fuga das áreas de conflito se esconderam em lugares como a histórica mesquita de Umayyad, na parte velha da capital. No Líbano, país vizinho, fontes de segurança estimam que 20 mil sírios já tenham cruzado a fronteira em busca de refúgio.

Os rebeldes disseram dominar a principal passagem na fronteira com o Iraque e pelo menos dois postos na divisa da Síria com a Turquia, além de terem supostamente libertado a cidade de Azaz.

A informação sobre a fronteira com o Iraque foi confirmada por Hakim al Zamili, líder da Comissão de Defesa do Parlamento iraquiano. O conflito e a censura da Síria à imprensa impedem verificação independente das notícias.

POTÊNCIAS DIVIDIDAS

Nas Nações Unidas, a Rússia e a China, que são os principais aliados de Assad entre as grandes potências, vetaram pela terceira vez no CS (Conselho de Segurança) resolução que propunha impor sanções à ditadura síria.

O texto vetado dava dez dias para que o regime sírio parasse de usar armas pesadas, sob pena de sofrer punições econômicas de acordo com o Capítulo 7 da Carta da ONU -que também prevê a possibilidade de ação militar.

Dos 15 membros do CS -cinco permanentes (EUA, Reino Unido, França, Rússia e China) e dez provisórios-, 11 votaram a favor da resolução, e 2, África do Sul e Paquistão, se abstiveram. Só russos e chineses, que têm poder de veto, se posicionaram contra.

"Nós simplesmente não podemos aceitar um texto baseado no Capítulo 7. Ele abriria o caminho para a intervenção militar externa em assuntos da Síria", declarou o embaixador russo nas Nações Unidas, Vitaly Churkin.

O embaixador britânico no órgão, Mark Lyall Grant, se disse "horrorizado" com o veto. A embaixadora americana, Susan Rice, disse que o Conselho "fracassou completamente" e que os EUA buscariam outros meios de pressionar o regime sírio e levar ajuda humanitária ao país.

Para substituir a resolução vetada, o Reino Unido propôs um texto que apenas estende por 30 dias o mandato da missão de monitores desarmados da ONU, que se encerra hoje. Ele não havia sido votado até a conclusão desta edição.

Em discurso de despedida de Damasco, Robert Mood, chefe da missão, pediu "liderança efetiva" do CS para resolver o conflito. Ele deverá ser substituído pelo senegalês Babacar Gaye, principal assessor militar da ONU.

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