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Espanha prevê 2013 recessivo, e risco sobe

Governo estima retração do PIB, alta do desemprego e joga retomada para 2014; Bolsa de Madri tem pior dia do ano

Ministros da eurozona aprovam os termos da ajuda de até € 100 bi a bancos; montante exato deve sair em setembro

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Em meio aos protestos por causa do novo pacote de austeridade, o governo da Espanha veio a público dizer que a situação do país continuará ruim em 2013, com recessão e desemprego altos. As más notícias econômicas fizeram disparar a nota de risco e derrubaram a Bolsa.

Nem a única boa nova do dia, a de que os ministros de Finanças da zona do euro aprovaram a concessão de ajuda de até € 100 bilhões (R$ 248 bilhões) ao combalido setor bancário espanhol, foi suficiente para aplacar os temores do mercado sobre o país.

Em entrevista coletiva após reunião do gabinete, o ministro do Orçamento, Cristóbal Montoro, disse que o PIB do país deve encolher 0,5% no ano que vem, mas a contração em 2012 pode ser ligeiramente menor -de 1,7%, e não de 1,5%, como se estimava.

Além de jogar a expectativa de retomada para 2014, o governo do premiê conservador Mariano Rajoy prevê neste ano ligeira alta do percentual de desempregados, de 24,4% para 24,6%; maior da eurozona, o desemprego espanhol é um dos principais combustíveis dos protestos.

As previsões do governo são usadas como base para definir o Orçamento de 2013.

Montoro afirmou ainda que o limite de gasto público da Espanha subirá 9,2% no ano que vem (de € 119 bilhões para € 127 bilhões), e boa parte desse acréscimo -cerca de € 9 bilhões- irá para o pagamento de juros da dívida.

O governo espanhol tenta ainda cumprir a exigência da União Europeia de reduzir seu deficit público para 6,3% do PIB neste ano e 4,5% no próximo, um dos principais motivos pelos quais o pacote de austeridade, com cortes de € 65 bilhões, foi lançado.

A vice-premiê espanhola, Soraya Santamaría, pediu que o país se una para enfrentar a "situação difícil". "Não há resultados sem um esforço inicial, e nós estamos no momento do esforço", disse.

REAÇÃO DO MERCADO

Os dados sobre a economia, que incluíram o pedido de socorro de Valencia ao governo federal (leia texto nesta página), fizeram o risco-país da Espanha subir e atingir 610 pontos, novo recorde.

O risco-país exprime a diferença entre os juros pagos pelos títulos espanhóis e os dos títulos alemães (os mais seguros da Europa). A alta se explica pelo temor dos investidores de que a Espanha não cumpra seus compromissos -o país é obrigado a desembolsar mais para se financiar.

Ontem, os juros dos títulos espanhóis de dez anos chegaram a 7,2% (7% é considerada uma taxa insustentável). E a Bolsa de Madri fechou em queda de 5,82%, a pior deste ano. As Bolsas do mundo acompanharam: o Dow Jones (Nova York) recuou 0,9% ontem, e a Bovespa caiu 2,08%.

Reunidos em Bruxelas, os ministros da eurozona aprovaram os termos do empréstimo de até € 100 bilhões aos bancos espanhóis, mas o tamanho exato da ajuda deve ser definido só em setembro.

A Espanha está auditando o seu setor bancário, inundado de créditos duvidosos, para saber de quanto ele precisará. O país tenta evitar a necessidade de resgate similar ao grego, com imposição de ainda mais cortes de gastos.

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