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Ataque atiça debate público sobre venda de armas nos EUA

Obama e Romney, candidatos, não citam o assunto em suas aparições; presidente visita a cidade do massacre

Familiares de vítimas querem que se destaque menos a imagem do atirador e que se fale mais dos mortos na chacina

RAUL JUSTE LORES
ENVIADO ESPECIAL A AURORA (COLORADO)

O debate sobre o controle da venda de armas nos EUA dominou os programas da TV americana no primeiro fim de semana após a morte de 12 pessoas em uma pré-estreia do filme Batman.

O atirador, James Holmes, 24, comprou 6.000 balas e várias armas legalmente em lojas e pela internet. A polícia revelou ontem que o cartucho da munição do atirador emperrou depois dos cem primeiros disparos. Sem a falha técnica, talvez o atirador continuasse disparando.

Apesar do debate na imprensa, tanto o presidente Barack Obama quanto o candidato republicano à Presidência, Mitt Romney, não tocaram no assunto.

O senador republicano pelo Arizona John McCain, candidato derrotado por Obama em 2008, afirmou na CNN que "ainda está por ser provada" a relação entre controle de armas e a queda da violência.

"A Noruega, onde o porte de armas é bem mais restrito que aqui, não evitou um massacre semelhante", disse.

A senadora democrata pela Califórnia Dianne Feinstein, que já apresentou um projeto de lei para proibir a comercialização de armas de fogo, afirmou que "armas de guerra não têm lugar na rua".

O prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, voltou a pedir mais regulamentação da venda de armas e pediu que Obama e Romney deixem claras as suas posições.

"O que eles defendem e por que eles não estão sendo claros ainda? É tempo de eles assumirem responsabilidade", falou no programa "Encare a Nação", da CBS. Ele deixou clara a sua posição: "Armas precisam ter venda proibida".

Em editorial no sábado, o jornal "The New York Times" também pediu mais restrições à comercialização.

Apesar do debate sobre a cultura de ter armas em casa, a violência com armas de fogo caiu notavelmente no país nas últimas duas décadas.

O número de mortes caiu de 9,8 por 100 mil habitantes em 1981, o pior ano das estatísticas americanas, para 4,8 por 100 mil em 2010 (no Brasil, é de 26,2 homicídios por 100 mil, mais de cinco vezes a média americana).

Em 1977, 54% dos americanos diziam ter armas em casa; em 2010, 32%.

VISITA DO PRESIDENTE

Obama foi ontem a Aurora. Em discurso, relatou suas conversas com sobreviventes, ofereceu condolências às famílias e elogiou o trabalho da polícia e dos bombeiros.

Familiares pediam ontem, enquanto preparavam vigília em homenagem aos mortos, que se destacassem menos nome e foto do atirador e que se falasse mais das vítimas.

"Talvez esse covarde quisesse esses dois minutos de fama. Devemos negá-los a ele, para não ficar famoso depois desse crime", disse o bombeiro Jordan Ghawi, 26, irmão da jornalista Jessica Ghawi, 24, morta no massacre.

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