Índice geral Mundo
Mundo
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Crise drena ajuda humanitária da Europa

Corte de até 50% de auxílio compromete estabilidade de países ajudados e mina protagonismo europeu no mundo

Dificuldade econômica afeta coordenação da política externa da UE, que envia 14% da verba do tipo à América Latina

LUISA BELCHIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM MADRI

Principal provedor de ajuda humanitária no mundo, a Europa deixa de lado programas de auxílio internacional. Ante medidas de austeridade e socorro a bancos, países do continente cortam até a metade o orçamento do setor.

Segundo análises da própria União Europeia, os cortes comprometem não só a estabilidade econômica e política dos países ajudados, mas também o protagonismo europeu no mundo.

Onze dos 27 países da União Europeia já reduziram gasto com ajuda humanitária -mecanismo surgido na própria Europa para auxiliar países em catástrofes, guerras e situações de emergência.

Neste ano, nove países devem cortar mais. A Espanha anunciou redução de 53% de gastos do tipo até dezembro.

Até o ano passado, só quatro países da UE -Suécia, Dinamarca, Holanda e Luxemburgo- cumpriram a meta de destinar ao menos 0,7% do PIB a programas de ajuda.

A União Europeia, que destina 14% desse tipo de verba para a América Latina, também enxugou. Antes da crise, o bloco tinha orçamento médio de € 889 milhões (R$ 2,2 bilhões) por ano para ajudas internacionais. Em 2012, houve corte de 11%. Para o período 2014-2020, a meta é ter orçamento anual de € 915 milhões, o que especialistas acham difícil de alcançar.

O problema é que, com a crise se agravando desde 2008, a Europa tende a "renacionalizar" sua política externa -em lugar de decisões comuns, políticas isoladas, como antes da UE.

"A Europa não resolveu problemas que tem dentro de si e, com a crise, tem mais dificuldades de olhar para fora. Mas tem que investir em relações com a Ásia e países como Polônia e Turquia, para recuperar protagonismo", disse à Folha o ex-chanceler espanhol e ex-chanceler da UE Javier Solana.

Um relatório anual feito pelo Conselho Europeu para Relações Exteriores aponta que, sem investir em ajuda humanitária, a Europa perde influência. "A Europa vive anos medíocres na política exterior", disse um dos autores do estudo, Hans Kundnani.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.